Parceria do IHP no Pantanal vai permitir aprimorar monitoramento das onças d’água

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) está com parceria com a empresa Log Nature para ampliar o monitoramento que é feito no Pantanal e passar a gerar mais dados e produzir estudos que ajudem na conservação das ariranhas, ou como também são chamadas, as onças d’água. Esse trabalho conjunto vai permitir a instalação de armadilhas fotográficas em diferentes áreas, principalmente na região da Serra do Amolar. As analistas ambientais do IHP começaram esse trabalho no final de 2024 e os dados vão ser gerados e analisados ao longo deste ano.

Tal como a onça-pintada, a ariranha também é considerada uma espécie guarda-chuva e atua como uma espécie indicadora da qualidade ambiental. Isso porque ela está no topo de cadeia e depende muito da qualidade do ambiente aquático e de locais em volta para sobreviver. Estimativas apontam para uma redução em até 40% da distribuição regional da espécie no Brasil.

Esse trabalho conjunto com a Log Nature também permite que o IHP ajude a avançar os estudos sobre o Plano de Ação Nacional para a Conservação das Ariranhas, o PAN-Ariranha. Esse plano é coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIo) – portaria ICMBio 2.902/2024 – e o IHP integra as ações, que formatam políticas públicas no Brasil que contribuem para manter essa espécie.

A analista ambiental no Instituto, Mariana Queiroz, que integra diretamente a equipe de monitoramento no território pantaneiro, explica que a Log Nature permitiu ampliar as estratégias de estudo das espécies no Pantanal com o uso de novas armadilhas fotográficas.

“Essa parceria com a Log Nature é um avanço importante para nossas iniciativas de monitoramento, pois nos permitirá um acompanhamento mais eficaz das espécies ameaçadas e em áreas de difícil acesso. O uso das armadilhas fotográficas também vai integrar os relatórios técnicos ambientais elaborados pelo time de pesquisadoras do IHP, fornecendo imagens e vídeos que ajudarão na identificação das famílias e seus comportamentos. Estamos monitorando as ariranhas agora e temos uma previsão até de fazer um rodízio de monitoramento de espécies ameaçadas e também acompanhar o tatu-canastra, anta, o gato-mourisco.”

A CEO da Log Nature, Juliana Kleinsorge, destaca a importância de parcerias para gerar impacto positivo na conservação do Pantanal. “A gente está muito animado com essa parceria, porque a gente acredita que a união das nossas competências vai gerar um impacto significativo para a conservação do Pantanal. Com a experiência do Instituto Homem Pantaneiro na gestão das áreas mais protegidas, no desenvolvimento das pesquisas locais, somada à tecnologia dos equipamentos e soluções que a gente oferece aqui na Log Nature, a gente pode potencializar as ações de monitoramento, proteção da fauna e preservação desse bioma tão diverso.”

Nessa ampliação de monitoramento, as analistas que atuam em campo e fizeram a instalação de armadilhas fotográficas após mapearem áreas prioritárias para estudo também tiveram apoio de técnicas do Projeto Ariranhas, que foi criado em 2019, pela bióloga Caroline Leuchtenberger. Entre os desafios nesse trabalho está a atuação muito próxima das locas onde ficam os animais, porém com atividades que tentam interferir o mínimo possível na paisagem. Também só é possível agir após a identificação que não há ariranhas próximas.

Sobre as ariranhas

Conforme dados do PAN-Ariranha, essa espécie, que tem nome científico de Pteronura brasiliensis, é um mamífero carnívoro membro da família Mustelidae, da qual fazem parte animais comuns em regiões temperadas como o Vison, o Furão e o Texugo. No Brasil esta família é representada por seis espécies, entre elas os furões (Galictis cuja e G. vittata), a Irara (Eira barbara), a doninha-amazônica (Mustela
africana
).

Com possibilidade de avistamento em Corumbá e Ladário, nos portos dessas cidades, a ariranha é um animal semi-aquático, ou seja, vive tanto em ambientes terrestres quanto aquáticos e é dotado de uma notável habilidade de natação e mergulho. Também é um voraz predador e possui um intenso repertório
vocal. É a maior espécie conhecida da família Mustelidae e, assim como as demais espécies deste grupo, foi amplamente caçada para abastecer o mercado de peles para confecção de vestuário e ornamentos.

“Em função disso, a espécie experimentou uma grande redução em seus tamanhos populacionais, tendo desaparecido em determinadas áreas e é considerada regionalmente extinta em alguns estados. Embora tenha ocorrido redução na pressão de caça, diversos fatores de origem antrópica representam grandes ameaças à espécie e, por ser um animal que depende de corpos d’água para sobreviver, explorando neles grande parte dos recursos necessários à sua subsistência, a degradação dos rios e das matas ciliares representa hoje um fator particularmente significativo, assim como, de maneira associada, a diminuição de estoques pesqueiros causada pela sobrepesca”, detalha a política do PAN-Ariranhas.

Outras ameaças para a espécie envolvem a construção de barragens para fins de aproveitamento hidrelétrico. Por alterar a hidrologia dos rios, a rota migratória dos peixes e obviamente impedir fisicamente a passagem de ariranhas, essas construções geram profundas mudanças locais na paisagem, podendo também afetar diretamente os grupos que ali residem.

Ariranhas e o equilíbrio no território

Os dados já computados a partir do PAN-Ariranhas e outros estudos conduzidos sobre a espécie já identificou que esses animais têm um papel fundamental no equilíbrio dos ambientes aquáticos pelo controle de populações de outras espécies animais, principalmente peixes, inclusive espécies invasoras e pragas.

As ariranhas vivem em grupos familiares de até 17 indivíduos, formados por um casal dominante e seus descendentes dos dois ou três últimos anos, podendo também ser vistas solitárias, dependendo da época do ano. Há informações escassas quanto ao tamanho dos territórios dos grupos. Dados do PAN-Ariranha sugerem variações em dimensões de acordo com características dos hábitats (ex., abundância de presas, regime hidrológico, entre outras) e com a densidade de ariranhas na área.

Em regiões sazonalmente alagadas, como Pantanal, e partes da Amazônia, a área de vida e o território dos grupos de ariranhas tendem a mudar drasticamente na época de cheia, uma vez que as tocas das margens dos rios usadas durante a seca são inundadas.

As fêmeas normalmente ficam reprodutivas apenas uma vez por ano, podendo, excepcionalmente, no caso de perda da prole, entrar no cio duas vezes no mesmo ano. Após uma gestação de aproximadamente 60 dias, nascem de um a cinco filhotes por ninhada, os quais atingem maturidade sexual entre os 2 e 3 anos de vida, quando deixam o grupo familiar para formar os seus próprios grupos.

Sobre a Log Nature

A Log Nature nasceu em 2010 com o propósito de trazer soluções e ferramentas de trabalho para o dia a dia dos profissionais atuantes na consultoria ambiental e pesquisa para a conservação do meio biótico. Evoluímos ao longo desses anos e hoje dedicamos o nosso espaço a todos aqueles que são apaixonados pela natureza como nós! Seja profissional da área, ou para aqueles que tem sua curiosidade e paixão despertados pela natureza. Isso nos motiva a inovar e trazer produtos para potencializar novas descobertas. O Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta e pesquisar é permitir conhecer para preservar de maneira adequada toda essa riqueza. Buscamos novas tecnologias para solucionar e facilitar a rotina de quem se dedica a conhecer um pouco mais esses diferentes ecossistemas.

Sobre o IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local. Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.

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