Memorial mantido pelo IHP terá nova fase com representação da mulher pantaneira

O programa Memorial do Homem Pantaneiro, mantido pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), entra em uma nova fase e passa por reformas para garantir a representação da mulher pantaneira em sua exposição permanente. O espaço ocupa o prédio centenário e icônico Casa Vasquez & Filhos, que fica na Ladeira José Bonifácio, 172, no Porto Geral, em Corumbá (MS).

A remodelação do espaço físico do Memorial é apoiada com recursos financiados via Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, Governo Federal. São parceiros nessa nova etapa Ambiental MS Pantanal/Aegea, ISA CTEEP, Hinove e Fort Atacadista (Grupo Pereira).

As obras tiveram início neste mês de março e vão durar seis meses. Nesse período, as visitações vão sofrer interrupções por conta das intervenções estruturais. A entrada vai permanecer gratuita após a reinauguração. A entrega da nova estrutura vai ser feita em setembro de 2024.

A representação e valorização da mulher pantaneira no espaço de cultura em Corumbá ocorrerá por meio do uso de tecnologia, com projeções de histórias pantaneiras, e cenário a ser montado. Além dessas novidades, outros cenários também vão ser estruturados, entre eles a construção de uma capela dentro do prédio Casa Vasquez & Filhos.

A coordenadora de operações no IHP, Isabelle Bueno, explica que o projeto Memorial do Homem Pantaneiro Exposição Permanente, aprovado no Pronac (Programa Nacional de Apoio à Cultura), corresponde a uma segunda fase do programa mantido pelo Instituto para resgatar e perpetuar a cultura pantaneira.

“A mulher vai ter o seu espaço de valorização, o que até então não tínhamos consolidado. Representa uma conquista muito significativa. Ainda teremos obras para acessibilidade, instalação de elevador, uso da tecnologia para que as histórias das pantaneiras e dos pantaneiros sejam projetadas. O Memorial do Homem Pantaneiro é o programa mais novo do IHP que ganha uma projeção maior agora”, detalha.

A socióloga no IHP, Wanessa Rodrigues, comenta que o papel da mulher no Pantanal vai receber uma visibilidade apoiada a partir de estudos que buscaram retratar como é o cotidiano e relatos atuais de pesquisas de campo.

“Essa mulher pantaneira que a gente comenta é retratada como sendo pessoas destemidas, muito corajosas mesmo. São características comuns entre as mulheres pantaneiras. Elas se organizam e reorganizam dentro desse território, com sabedoria e entusiasmo pela vida, apesar dos desafios da distância, escassez de alguns recursos. Trabalhar com elas nas pesquisas de campo me fez ouvir muitos depoimentos dotados de inúmeros saberes especializados sobre o território pantaneiro, que só podemos acessar a partir do contato com elas. Agora, isso será representado no Memorial”, reforça a socióloga.

O Ministério do Turismo aprovou o projeto de melhoria do Memorial do Homem Pantaneiro em outubro de 2022. Depois disso, o Instituto Homem Pantaneiro buscou parceiros para garantir os recursos necessários para a remodelação do espaço por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

História do Memorial

A ideia de materializar o programa Memorial do Homem Pantaneiro no IHP surgiu em 2012, mas sua aprovação no Pronac ocorreu em 2019. Depois dessa etapa de documentação, a primeira fase do espaço de cultura teve início com obras no prédio Casa Vasquez & Filhos em dezembro de 2020. A inauguração para o público ocorreu um ano depois, em dezembro de 2021.

Além das obras estruturais, centenas de doações foram feitas para compor os objetos que ficam expostos. Nivaldo Vitorino, pesquisador, museólogo, urbanista, arquiteto e ambientalista foi o responsável por desenhar como seria o Memorial pela primeira vez, com o conceito de cenografia.

Nivaldo é reconhecido nacionalmente e em 2009 ganhou o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, instituído pelo Iphan, pelo trabalho “Em Busca do Acervo Perdido”. Foi ele quem construiu também o conceito do Muhpan, instalado no Porto Geral de Corumbá. O pesquisador faleceu em 24 de agosto de 2018, em Campo Grande, após sofrer um aneurisma. Suas cinzas foram jogadas no rio Paraguai, em novembro daquele ano.

Esta segunda fase do Memorial do Homem Pantaneiro envolveu conceituação feita por Nivaldo e houve contribuição de outros profissionais até se chegar no processo final, que está em andamento para ser implantado.

Em 2023, o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) reconheceu oficialmente o Memorial como um ponto de memória. Esse programa do IBRAM nasceu em 2009, resultado da parceria entre os Programas Mais Cultura, do Ministério da Cultura e do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania – PRONASCI, do Ministério da Justiça, com o objetivo de identificar, apoiar e fortalecer iniciativas de memória e museologia social pautadas na gestão participativa e no vínculo com a comunidade e seu território.

A certificação foi concedida por conta do trabalho de preservação da memória e a divulgação da identidade cultural pantaneira por meio de cenários, exposições e narrativa poética.

História do prédio

A Casa Vasquez, que abriga o Memorial do Homem Pantaneiro, é modelo de ocupação de espaços Tombados como Patrimônio Histórico Nacional. A construção do imóvel foi iniciada no ano de 1814, resistiu ao período da Guerra Contra o Paraguai (1864-1870), acontecimento histórico em que Corumbá ficou devastada. O imóvel foi concluído em 1898 pelo construtor italiano Martinho Santa Lucci. O prédio só foi inaugurado em 1900 pela família Vasquez. Atualmente, o imóvel é de propriedade do Instituto Homem Pantaneiro (IHP).

Sobre o IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.

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