Workshop Internacional abre caminho para construção de documento técnico para mitigar conflitos com grandes felinos

Após dois dias de aprendizado e diálogo intenso no I Workshop Internacional – Conflitos com Grandes Felinos: Riscos, Causas e Soluções, realizado em Campo Grande (MS), entre os dias 26 e 27 de agosto, o evento abriu espaço para um diálogo qualificado, dando início à construção de um documento técnico com diretrizes para a convivência com grandes felinos no Brasil.

Esse documento seguirá sendo desenvolvido com base nas contribuições dos diferentes setores presentes no Workshop e sua primeira versão será validada entre participantes e instituições parceiras. A divulgação dele acontecerá em breve.

O I Workshop Internacional – Conflitos com Grandes Felinos: Riscos, Causas e Soluções foi promovido pela SOS Pantanal, Onçafari, Instituto Onça Pintada e Instituto Homem Pantaneiro (IHP). Houve apoios da Caiman Pantanal, ISA ENERGIA BRASIL, Sistema Famasul e Governo de Mato Grosso do Sul.

O evento reuniu representantes da sociedade civil, produtores rurais, comunidades locais, academia, poder público e especialistas do Brasil, Índia, EUA, Chile, Bangladesh e África do Sul. Estiveram presentes o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, o secretário-executivo de Meio Ambiente da Semadesc, Artur Falcette, que também representou o governador Eduardo Riedel.

Foto: Ana Palma/Famasul

Foram debatidos temas como prevenção de ataques, protocolos de resposta, papel do ecoturismo, impactos sociais e psicológicos sobre as comunidades, impactos na pecuária e estratégias de comunicação em situações de crise. Nos dois dias de evento, houve espaço para especialistas abordarem a realidade no conflito entre seres humanos e grandes felinos em outros países.

Nessa programação, estiveram presentes Dr. Craig Packer (EUA), considerado o maior especialista em leões do mundo; Dra. Krithi Karanth (Índia), Diretora Executiva da CWS – Índia, e uma das maiores especialistas em tigres do mundo, com foco em conflitos entre humanos e grandes carnívoros, e Agustín Iriarte (Chile), biólogo especializado em ecologia e conservação de mamíferos Sul-Americanos, com mais de 40 anos de experiência com Pumas e conflitos.

A comunidade teve espaço para participar a partir da interação online, na transmissão do evento, e também houve espaço de fala em uma das atividades desenvolvidas no perído da tarde do dia 27. Moradoras da região da Cacimba da Saúde, em Corumbá, enviaram vídeos para abordar as preocupações que moradores possuem no caso de avistamento de onça-pintada em área urbana, bem como no ataque a cães.

Amância Bazan, por exemplo, reforçou a necessidade de intervenções de autoridades públicas e representantes do terceiro setor para repassar orientação para quem vive nessas áreas sensíveis, bem como haver uma avaliação rotineira sobre a possibilidade de captura e também haver devida iluminação pública. Ana Maria de Souza, que mora na Cacimba da Saúde, em Corumbá, há 30 anos, informou sua percepção que nunca tinha visto o avistamento de animais selvagens como está ocorrendo agora em 2025. Além das duas, também teve fala a moradora de Corumbá Luceni Oliveira Alves, dona Lu, que vive às margens do rio Paraguai e trabalha como guia de turismo na Capital do Pantanal.

Divulgação/IHP

A convivência entre pessoas e grandes predadores é um dos desafios antigo e complexos, e ainda não existe solução simples.

O diretor-presidente do IHP, Angelo Rabelo, participou do evento e destacou que houve a identificação que no Pantanal há lições a serem seguidas, bem como desafios a serem superados.

“A convivência com espécies silvestres sempre representou um desafio para o ser humano. Na maioria das vezes, a opção escolhida foi a eliminação. Foi assim com os lobos nos Estados Unidos e, no caso mais emblemático — contado pelo mestre Fernando Fernandes, da UFRGS — o pássaro dodô, das Ilhas Maurício, no Oceano Índico. No Pantanal, a história foi diferente. O pacto de coexistência entre a vida silvestre e o homem pantaneiro assegurou a sobrevivência de inúmeras espécies — e o privilégio e orgulho de sermos referência global em harmonia entre Produção e Conservação”, analisou.

Os protocolos em desenvolvimento vão ajudar a orientar técnicos, instituições, governos, comunidades, turistas e guias para uma melhor convivência.

O workshop foi gravado e está disponível no canal do YouTube do SOS Pantanal – https://www.youtube.com/@institutosospantanal

SOBRE O IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o Observatório Rodovias Seguras, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/

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