Diferentes instituições públicas e privadas participaram da reunião pública que discutiu o plano de mitigação e redução de impactos à fauna na BR-262, em Mato Grosso do Sul, no trecho compreendido entre Aquidauana-Corumbá.
Durante o encontro, foram apresentadas a adoção das medidas que já estão sendo implementadas pelo DNIT no trecho da rodovia para a preservação da vida silvestre. Representaram o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) na audiência a dra. em Ecologia Grasiela Porfírio e o analista ambiental médico-veterinário Lukas Morais. O IHP integra o Observatório Rodovias Seguras para Todos, que conglomera instituições da sociedade civil para mitigar os problemas de atropelamentos de fauna e registro de acidentes em rodovias.
O Observatório Rodovias Seguras para Todos é formado por Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), Instituto Libio, IHP, Instituto de Pesquisas Ecológicas, SOS Pantanal e Onçafari.
Durante o evento, houve a apresentação do plano de mitigação, que contempla a instalação de 160 quilômetros de cercamento associados a dezenas de passagens inferiores, bueiros de drenagens, adaptações e pontes sobre rios e de vazantes. Além disso, o plano também inclui pontes artificiais de dossel, específicas para a fauna arborícola, placas de sinalização de travessia de fauna e controle de velocidade.
Das estruturas recomendadas e que atualmente estão em execução, estão contemplados 18 trechos cercados (cerca de 85 km), dez novas passagens de fauna, 22 bueiros de drenagem, 44 pontes, 20 radares, oito jump-outs, sete pontes artificiais de dossel e 58 acessos de gradil metálico.
A dra. em Ecologia Grasiela Porfírio, que vem representando o IHP nas discussões feitas dentro do Observatório Rodovias Seguras para Todos, destacou que o plano envolveu uma construção coletiva e representa um avanço para evitar acidentes e reduzir mortes de fauna em trecho da BR-262 que corta o Pantanal. “Esse plano foi uma construção fundamental, que passou por debates e envolvimento das instituições que integram o Observatório Rodovias Seguras para Todos e demais atores públicos. Este é o primeiro Plano de Mitigação para o Pantanal e ainda tem potencial para ser uma referência nacional.”
Para a bióloga e sócia-fundadora da Via Fauna, Fernanda Abra, a BR-262/MS está sendo uma grande vitrine. “Pretendemos levar todo esse conhecimento e essa expertise para muitas outras rodovias do país.” A profissional é uma referência nacional em ecologia de estradas.
A reunião, que aconteceu no dia 4 de dezembro, em Campo Grande (MS), teve ainda a participação do diretor de Planejamento e Pesquisa do Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Guilherme Rodrigues de Mello. O DNIT tem como responsabilidade prover a infraestrutura no trecho com um olhar ligado à sustentabilidade. Por conta de suas características e localização, a BR-262 apresenta uma grande concentração de animais atravessando a rodovia.
Além da implantação das estruturas, haverá também acompanhamento dos resultados gerados pelas mudanças que estão sendo instaladas. O objetivo é analisar os resultados e mostrar para a sociedade os indicativos sobre a potencial diminuição das ocorrências de atropelamentos no local.
A Diretoria de Planejamento e Pesquisa do DNIT foi representada por Luiz Guilherme Rodrigues de Mello. Ele defendeu que a autarquia federal está comprometida com a mitigação dos atropelamentos. “O plano será uma grande proposta. É uma forma de sermos transparentes e comunicar a sociedade tudo que está sendo desenvolvido aqui na rodovia”, disse o diretor.
Visita técnica

Um dia antes da reunião, em 3 de dezembro de 2025, O DNIT realizou visita técnica na BR-262/MS para acompanhar de perto o monitoramento das espécies. Com o objetivo de proteger os animais da região, foram averiguados diversos dispositivos subterrâneos e aéreos, que servem para a travessia e preservam a biodiversidade da fauna, além de manter a segurança dos usuários nas vias.
A passagem de fauna em rodovias é crucial para preservar a biodiversidade, integrar ecossistemas fragmentados e aumentar a segurança para motoristas e animais. Essas estruturas funcionam como corredores ecológicos que permitem a travessia segura de animais, reduzindo atropelamentos e conectando populações que foram isoladas pela construção das estradas.
Registros anteriores
Símbolo da conservação da biodiversidade no Brasil, a onça-pintada é um dos animais atropelados na BR-262, no trecho principalmente entre Miranda e Corumbá. Até o dia 24 de junho de 2025, 21 indivíduos foram identificados após terem sido mortos por atropelamento. O IHP vem realizando o levantamento dos casos de atropelamento envolvendo a espécie no período entre 2016 e 2025. Detalhes desses casos podem consultados neste link. Sobre o registro feito em junho, mais detalhes neste link.
Assista a documentário produzido sobre os desafios para a biodiversidade e a vida humana, “Cuidado – Animais na Pista”, de Sandro Kakabadze, aqui.

SOBRE O IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o Observatório Rodovias Seguras, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/
