O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e a Fundación Centro de Estudios Rurales y de Agricultura Internacional (CERAI) na Bolívia fecharam um termo de parceria para haver um trabalho conjunto no combate a incêndios florestais em território boliviano, na região da Área Natural de Manejo Integrado San Matías, bem como haver apoio para desenvolvimento de estudos científicos voltados para a conservação da biodiversidade e ações socioambientais que favoreçam comunidades. Essa região boliviana está localizada entre o bosque seco chiquitano, savanas inundáveis e o Cerrado, fazendo fronteira com o Brasil, em Mato Grosso do Sul, na região norte de Corumbá.
Além da riqueza de biodiversidade, o território é um sítio Ramsar (17/09/2001) e conhecido como Pantanal Boliviano, com 2.918.500 hectares, e possui comunidades tradicionais em seu entorno. Também envolve as províncias de Ángel Sandoval, Germán Busch, Chiquitos, Velasco e os municípios de San Matías, Carmen Rivera Torréz, Puerto Suárez, Puerto Quijarro, Roboré, San José de Chiquitos e San Rafael.
O presidente do IHP, Angelo Rabelo, destaca que a biodiversidade não encontra fronteiras e um trabalho conjunto nessa região representa em aumento de esforços de conservação. “É necessário olhar o território de forma transfronteiriça, assegurando a conservação de uma das maiores áreas de biodiversidade da América do Sul. Além disso, o Parque San Matías é um território com comunidades tradicionais e está conectado ao Brasil, a partir da região da Serra do Amolar. É preciso reunir esforços para que haja um trabalho conjunto que favoreça toda a região.”
O coordenador de Projetos da Fundação CERAI na Bolívia, Mauricio F. Morales, reforça que o convênio com o IHP amplia o alcance de atuações na região da Área Natural de Manejo Integrado San Matías. “Este convênio de colaboração técnica, científica e operacional entre o Instituto Homem Pantaneiro e a Fundação CERAI marca um avanço significativo na gestão do ANMI San Matías. Além de fortalecer o monitoramento de espécies bio-indicadoras como a onça-pintada, vai impulsionar projetos comunitários sustentáveis, melhorará a vigilância de focos de calor e proporcionará capacitação avançada e treinamento especializado para brigadistas ambientais, otimizando a resposta contra os incêndios florestais.”
Como resultado prático desse convênio firmado, umas das primeiras medidas aplicadas foi a cedência, pelo IHP, de equipamentos de prevenção e combate a incêndios florestais às equipes que atuam no ANMI San Matías. Nessa lista estão duas motobombas, duas bombas costais, 10 abafadores, dois esguichos, duas mangueiras de sucção, 8 lances de mangueira e 1 soprador. Esses materiais foram encaminhados no começo de agosto para servir de suporte para ações nesse período mais crítico de incêndios florestais.
O chefe da Brigada Alto Pantanal, programa mantido pelo IHP, Manoel Garcia, explica que no caso de registros de fogo, não existe fronteiras que impedem o avanço das chamas e danos ambientais, seja no Brasil ou na Bolívia. “Quando se trabalha em uma região de fronteira, a qualquer momento o fogo pode ser no país vizinho e vir para o território brasileiro, como o contrário. Ter um trabalho conjunto representa proteção de ambos os lados e com resultado para a nossa biodiversidade e as pessoas que vivem nessa área.”
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.
Sobre a CERAI
A Fundação Centro de Estudos Rurais e Agricultura Internacional (CERAI) foi fundada em Santa Cruz em 2008 como uma Organização Não Governamental de Desenvolvimento secular, progressista e independente, orientada para os problemas de subdesenvolvimento, meio ambiente, agricultura ecológica e seu futuro, desenvolvimento sustentável, êxodo rural e outros.
A Fundação tem mantido uma presença estável na cidade de Santa Cruz desde sua fundação, trabalhando em favor das comunidades indígenas por meio de diferentes projetos de desenvolvimento. Como resultado desse trabalho, há um acordo interinstitucional assinado com as Capitanías del Alto (CAI) e del Bajo Isoso (CBI), por meio dos acordos assinados, busca-se elaborar e executar conjuntamente propostas técnicas para melhorar as condições de vida das comunidades e promover o desenvolvimento sustentável de seu frágil ecossistema no Chaco.