Uma iniciativa inovadora, para reforçar o papel de Mato Grosso do Sul e do Pantanal em fomentar a bioeconomia no Brasil, foi lançada neste 21/3 com o lançamento da emissão certificada de créditos de biodiversidade. A medida foi anunciada em reunião com o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, na data que é celebrada o Dia Internacional das Florestas. O projeto de créditos de biodiversidade é inédito no país, executado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) a partir de parceria com a ERA e a Regen, além de atender as ODSs 4 (Educação de qualidade), 8 (Trabalho decente e crescimento econômico), 13 (Ação contra a Mudança Global do Clima), 15 (Vida Terrestre) e 17 (Parcerias e Meios de Implementação).
“É uma grande contribuição, de produção da natureza que abrange carbono, biodiversidade e água. E posiciona o Mato Grosso do Sul na agenda global de produção de alimentos e transição energética. É a materialização do conceito e da linha de trabalho”, defendeu o governador Eduardo Riedel.
Com atuação direta na conservação da fauna e da flora pantaneira, o IHP (Instituto do Homem Pantaneiro) já tem trabalho reconhecido com a primeira certificação de crédito de carbono comercializado no mercado voluntário e apresentou a implantação – inédita no país – de crédito de biodiversidade. O mecanismo inovador de pagamento por serviços ambientais remunera proprietários e gestores de áreas por iniciativas de conservação e proteção do meio ambiente.
“Esta iniciativa coloca o Mato Grosso do Sul na vanguarda, por valorizar e reconhecer, que além de vocação agropecuária, também é um estado de produção da natureza. O projeto é valoriza a onça-pintada, que vai gerar crédito e trazendo o mercado para valorizar aqueles que protegem a espécie”, explicou o diretor-presidente do IHP, Angelo Rabelo.
O projeto visa a proteção da onça-pintada em uma área de 40,6 mil hectares da região da Serra do Amolar, onde vivem 57 famílias de quatro comunidades ribeirinhas – borda oeste do Pantanal sul-mato-grossense (reservas Federal Penha e Acurizal, Rumo Oeste e Engenheiro Eliezer Batista). A espécie (onça-pintada) é chamada de ‘guarda-chuva’, porque sua proteção engloba a preservação de diversas outras espécies da fauna, de plantas, além da conservação do território e da cultura pantaneira.
“Essa metodologia é uma iniciativa pioneira no Brasil e a ser referência no mundo, em termos de biodiversidade. No caso especificamente sobre a onça, que é chamado projeto Jaguar, onde é avaliado o habitat natural desse animal, fazendo a certificação que existe um ambiente adequado para esse animal viver. Então esse é o crédito que você consegue certificar que aquele ambiente é adequado para aquela espécie”, disse o secretário Jaime Verruck (Semadesc).
Com a certificação emitida em fevereiro de 2025 de 71.750 créditos, e lançada oficialmente em março, os créditos de biodiversidade ficam disponíveis no mercado voluntário. O vice-presidente da América do Sul da GM, Fábio Rua, foi um dos primeiros a adquirir os créditos de forma pessoal (compra de 10 créditos), com o objetivo de incentivar os esforços de conservação da biodiversidade.
Hannah Simmons, fundadora e CEO da ERA, é engajada em empreendedorismo de impacto e já atua há 15 anos com projetos de conservação. “Estamos na vanguarda da luta contra a perda de biodiversidade, pavimentando o caminho para um modelo de conservação que é tanto sustentável quanto replicável. A nossa Metodologia de Biodiversidade se destaca por sua adaptabilidade a qualquer espécie de mamífero e aves em diferentes biomas. Nosso objetivo era desenvolver uma metodologia que recompensasse de forma simples os guardiões da terra que estão conservando a vegetação nativa. Um pagamento por serviços ecossistêmicos para a conservação”, explica.
Gregory Landu, fundador e CEO da Regen Network, plataforma de marketplace para o mercado de biodiversidade e conservação, reforça a necessidade de uso da tecnologia e metodologias para garantir aplicações de pagamento por serviços ambientais (PSA), com resultado positivo para o Planeta e a vida das pessoas. “A abordagem de crédito para a espécie guarda-chuva da onça-pintada integra guardiões da terra, monitoramento rigoroso e empoderamento comunitário para criar um sistema transparente, eficiente e eficaz de apoio à conservação.”
Crédito de biodiversidade
Diferente dos créditos de carbono, que focam na compensação e redução de emissões de gases de efeito estufa, os créditos de biodiversidade valorizam a proteção de espécies e ecossistemas, criando um mercado voluntário para que investidores contribuam com a conservação de habitats e espécies ameaçadas. A metodologia de créditos de biodiversidade foi elaborada pela ERA (Ecossystem Renegeration Associate).
Os créditos de biodiversidade do projeto são quantificados com base em indicadores ecológicos, como saúde das chamadas espécies ‘guarda-chuva’, como é o caso da onça-pintada, além da qualidade do habitat e o conjunto de monitoramento e ações de conservação desempenhadas. Essa metodologia que prioriza a conservação, não a compensação, busca calcular os créditos utilizando como base a área a ser protegida, em hectares.
O Dia Internacional das Florestas, é uma data criada pela ONU (Organização das Nações Unidas), para promover a conscientização sobre a importância das florestas e sua preservação para manutenção da biodiversidade. As comemorações deste ano têm como tema “Florestas e Alimentos”, destacando o papel fundamental das florestas na segurança alimentar, na nutrição e nos meios de subsistência.
Para regulamentar as ações de reposição florestal em MS, o Governo do Estado estabeleceu critérios para exploração da vegetação nativa e consumo de matéria-prima florestal. A obrigação de reposição de florestas para aqueles que fazem a supressão da vegetação nativa é uma exigência federal e estadual, para preservação e proteção do meio ambiente.
Para cumprir essa legislação, o governo prevê a concessão de crédito de reposição florestal de terceiros, além de plantio regular de florestas nativas ou exóticas e a previsão de recolhimento de valores para projetos públicos, a partir do Fundo Estadual de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Sobre o projeto certificado
Os créditos de biodiversidade Jaguar (Jaguar Stewardship in the Pantanal Conservation Network – Biodiversit Credit) podem ter dados consultados, bem como sua compra podem ser feitas por meio deste link: https://app.regen.network/project/jaguar-stewardship-in-the-pantanal-conservation-network
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.