O que pode estar fazendo a onça-pintada estar próxima da área urbana de Corumbá?

O avistamento de onça-pintada na área urbana de Corumbá (MS) vem tendo registros oficiais desde 24 de março deste ano, a partir de comunicados que chegaram ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), via população e autoridades locais. Esse primeiro relato mencionou o avistamento na região da Cacimba da Saúde, e outro feito com relação ao Mirante da Capivara.

Desde essa data, já foram catalogados e averiguados pelo IHP relatos de avistamento do animal na região do Parque Municipal Marina Gattass, área da Agesa (rodovia Ramão Gomes), em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na rodovia Ramão Gomes, na Polícia Militar Ambiental (PMA), também às margens da rodovia Ramão Gomes e perto do Canal Tamengo; e no Mirante da Capivara, bairro Dom Bosco, onde houve um registro filmado em 23 de maio.

Ainda é prematuro confirmar quantos animais, de fato, estão próximos da área urbana de Corumbá. Por enquanto, existem indicativos que sugerem que pode ser um indivíduo jovem que foi filmado no Mirante da Capivara, e tentou atacar um cachorro; e um outro indivíduo adulto, filmado por imagens de segurança na região da Agesa.

O IHP está dando apoio técnico à Polícia Militar Ambiental, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal (Prefeitura de Corumbá), Corpo de Bombeiros, Câmara Municipal de Corumbá e à população em monitoramentos ambientais realizados desde abril deste ano, além de realizar orientações ao participar de atividades de educação ambiental.

Os avistamentos de onça-pintada ocorreram em áreas que estão muito próximas do Canal Tamengo, que se conecta ao rio Paraguai. Ainda é importante ressaltar que Corumbá está localizada dentro do Pantanal, com conexão intrínseca com a natureza e a vida selvagem.

O fato de o rio Paraguai ter elevação em seu nível agora em 2025, se comparado a 2024, e aumentar áreas inundadas nos campos é um fator que pode fazer essa espécie procurar áreas mais altas. A cidade está localizada em região mais alta. Além disso, a possível presença de descarte incorreto de alimentos em regiões onde houve o avistamento de um animal é fator de alerta, pois isso pode atrair tanto a onça, como outras espécies de animais para próximo de áreas urbanas. Ainda existe o fator dos incêndios de 2024, que podem também interferir nos deslocamentos da onça-pintada para locais mais perto da cidade.

Nesse apoio técnico, o IHP também encaminhou dados de monitoramento até então levantados para a Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura de Corumbá, Defesa Civil Municipal, IBAMA, Ministério Público Estadual para que haja um debate amplo e garantir a coexistência entre o ser humano e a onça.

Em caso de emergências ou avistamento de animais silvestres, o IHP orienta que a pessoa que fez o avistamento faça contato pelos telefones (67) 3232-2469 ou (67) 99266-4052 e comunique Local/Data/Horário aproximado do avistamento. No caso de registro do animal, compartilhar o mesmo para as autoridades.

Orientações básicas para segurança:

– Não se aproxime da onça. Evite qualquer tentativa de contato muito próximo, mesmo que o animal pareça calmo;

– Onças com filhotes ou carcaças podem ser mais agressivas. Redobre os cuidados nesses casos;

– Mantenha luzes externas acesas em locais com possível presença da espécie;

– Nunca alimente onças e não jogue resíduos orgânicos em locais onde houve o registro desses animais;

– Locais onde haja suspeita da “ceva” (oferta de alimentos para animais selvagens), prática considerada crime pela legislação ambiental, devem ser evitados porque trazem grande risco de conflito com as onças, bem como devem ser denunciados à Polícia Militar Ambiental;

– Verifique pelo caminho que estiver percorrendo a presença de pegadas. Se essas pegadas sinalizam serem frescas ou antigas, e evite andar sozinho nesses locais;

– Caso encontrar com uma onça no trajeto, evite a aproximação e tente manter a maior distância possível até que o animal saia do contato visual;

– Se você estiver frente a frente com uma onça, não se vire e não corra – esse comportamento pode remeter ao de uma presa e causar reação do animal;

– Ainda no caso de estar frente a frente com uma onça, mantenha contato visual e procure distanciar-se andando para trás sem movimentos bruscos;

– Depois que a onça sair do contato visual, procure evitar o trajeto ou, se precisar seguir adiante, espere algumas horas para percorre-lo, sempre com atenção ao caminho.

Sobre o IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira. Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o Observatório Rodovias Seguras, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/

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