Onça-pintada é flagrada em registro raro deitada em ‘paliteiro’ na Serra do Amolar

“Eu estava navegando no rio Paraguai, quase no meio do rio, sentido Corumbá, procurando paliteiros, que são cicatrizes do fogo. Foi quando eu vi, contra-luz, o que parecia ser um acúmulo de vegetação que se assemelhava ao formato de uma onça. O que me chamou a atenção! Não falei para ninguém. Fui chegando, chegando perto e quando eu enxerguei o formato das patas e as rosetas. Eu não estava acreditando. Era um sol muito forte, uma madeira carbonizada. E comentei que poderia ser uma onça. Depois que eu falei para o pessoal do barco foi uma emoção geral. Para mim, foi como um sinal. Porque tinha sido um dia complicado e aquilo corou toda uma expedição. A gente perdeu a noção do tempo. Perdemos o almoço e olha que o almoço é importante. Nem sei como explicar como essa onça-pintada estava ali, daquele jeito, naquele lugar. É uma força da natureza”, relata o biólogo no IHP Sérgio Barreto, que foi o primeiro a fazer o avistamento.

O médico veterinário no IHP, Diego Viana, foi o segundo a identificar a onça-pintada. “Não é um avistamento muito comum por parte da equipe do IHP. Em 8 anos do programa Felinos Pantaneiros, diversos avistamentos já ocorreram, mas a gente nunca tinha observado uma onça-pintada em cima de uma árvore nessa região”, ressalta.

Foto: Diego Viana

Estudo publicado em junho deste ano por pesquisadores da Onçafari, Panthera, SOS Pantanal, Instituto Pró-carnívoros, USP e UFRS relatou esse comportamento de onças-pintadas fêmeas no Pantanal de Miranda. Elas buscam proteção para si e os filhotes. O avistamento na região da Serra do Amolar mostra indício de repetição do comportamento em uma outra sub-região do Pantanal.

“A árvore onde a onça-pintada foi encontrada é emblemática para gente, como pantaneiro, pesquisador. Ela foi queimada anteriormente, mostra essa cicatriz do passado. E agora pode estar servindo de refúgio”, comenta Diego. O período de maior risco de fogo na Serra do Amolar acontece em setembro, conforme estudos do Lasa/UFRJ.

Foto: Diego Viana
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