NT nº 01 DE 2025
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A ONÇA-PINTADA E O PANTANAL
Pertencente à família Felidae, a onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino do continente americano (Seymour, 1989) e o terceiro maior do mundo (Silver et al., 2004). Com distribuição originalmente ampla, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, a espécie sofreu severa retração populacional e geográfica devido à perda de habitat, caça ilegal e conflitos com humanos. Atualmente, a onça-pintada está classificada como “quase ameaçada” à extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2025), e no Brasil, a espécie é considerada vulnerável à extinção (MMA, 2025).O declínio populacional ou desaparecimento da onça-pintada pode trazer uma série de implicações às dinâmicas dos ecossistemas, como desequilíbrios na diversidade e densidade de presas, que, por sua vez, causam grandes impactos nas comunidades vegetais (Terborgh, 1988). Soma-se a esse fator, as exigências ecológicas da espécie por grandes áreas, com boa qualidade de habitats e oferta de presas naturais, o que a torna sensível às perturbações ambientais de origem antrópica (Swank e Teer, 1989). Por esse motivo, a onça-pintada é considerada uma espécie indicadora da qualidade ambiental e uma espécie guarda-chuva, a partir do termo definido por Frankel e Soulé (1981). Além da importância ecológica, a onça-pintada também possui relevância cultural e econômica nos ecossistemas onde está presente, fomentando o turismo, a cultura e o desenvolvimento sustentável de territórios.
A onça-pintada é considerada uma espécie com hábitos geralmente solitários, noturnose crepusculares. No entanto, padrões diurnos também podem ser registrados, como por exemplo no Pantanal (Crawshaw e Quigley 1991; Foster et al. 2013). Com relação aos hábitos alimentares, a espécie é considerada oportunista (Rabinowitz e Nottingham, 1986) com uma grande amplitude de espécies de presas já registradas em sua dieta.
Um predador oportunista consome presas que estejam disponíveis ou vulneráveis no ambiente (Gonzalez e Miller, 2002), baseando-se numa relação que envolve o custo energético, riscos e os benefícios obtidos (MacArthur e Pianka, 1966).
Mamíferos, aves e répteis compreendem as principais presas da onça-pintada (Seymour, 1989).
O Pantanal, um dos biomas brasileiros mais conservados, mantém uma das maiores populações contínuas de onça-pintada fora da região amazônica (Sanderson et al. 2002). No entanto, mesmo nesse bioma, a perda de habitat, a caça com base cultural e retaliatória pelos prejuízos causados pela predação de rebanhos e criações, e os grandes incêndios estão dentre as principais ameaças à espécie (Harris et al. 2005; Bardales et al. 2024).
Nesse bioma, as onças consomem várias espécies de presas naturais, como capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), queixadas (Tayassu pecari) e catetos (Dicotyles tajacu), cervídeos, tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e jacarés (Caiman yacare), além de bovinos, equinos, ovinos, suínos e mesmo cães domésticos (Schaller e Crawshaw, 1980; Dalponte, 2002; Azevedo e Murray, 2007; Porfirio, 2009; Perilli et al., 2016).
Khorozyan et al. (2015) destacam que grandes felinos recorrem à predação de animais domésticos como uma alternativa de subsistência em contextos nos quais a densidade e a biomassa das presas silvestres estão reduzidas. Esse comportamento é ainda mais comum em áreas antropizadas, onde, segundo Kumbhojkar et al. (2020), a disponibilidade de presas domésticas supera a de presas nativas.
Atualmente, os cães estão presentes em uma ampla variedade de ecossistemas, exercendo efeitos negativos sobre a fauna silvestre, que vão desde a predação direta até a interferência nos comportamentos naturais das espécies nativas. Eles também podem competir por recursos alimentares e atuar como vetores na disseminação de patógenos (Young et al. 2011).
Além desses impactos diretos, sua presença pode modificar a estrutura das comunidades animais e os processos ecológicos, favorecendo o declínio de populações silvestres, inclusive de espécies ameaçadas de extinção (Lenth et al. 2008).
O uso do habitat da onça-pintada no Pantanal é positivamente associado a habitats inundados e áreas densamente florestadas e negativamente associado a pastagens, irregularidade do terreno e densidade populacional humana (Alvarenga et al. 2021). Essa última variável teve o efeito negativo mais forte na movimentação dos indivíduos, segundo Alvarenga et al. (2021), demonstrando que a onça-pintada não seleciona ambientes associados à alta concentração de pessoas, como as cidades.
Já a área de vida da espécie no Pantanal varia conforme a disponibilidade de presas e qualidade do habitat, sendo reportado na literatura, estimativas que variaram de 25 a 278 km2 (Morato et al. 2016).
A densidade reportada no bioma varia de 2,9 até 12,4 indivíduos/100 km2 (Schaller e Crawshaw, 1980; Erickson et al. 2022). Cabe ressaltar que a disponibilidade de presas é considerada um dos principais fatores determinando o comportamento de mamíferos carnívoros em suas áreas de ocorrência, influenciando a densidade, sobrevivência e reprodução (Fuller e Sievert, 2001).
COEXISTÊNCIA HUMANO-ONÇAS EM CORUMBÁ
Corumbá é um município localizado no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, às margens do Rio Paraguai, bioma Pantanal. Com uma área de aproximadamente 64.432,45 km², é um dos maiores municípios brasileiros em extensão territorial. A população do município, segundo o Censo do IBGE de 2022, era de aproximadamente 97.000 habitantes.Situado na fronteira com a Bolívia, a cerca de 418 km de Campo Grande (capital do estado), a localização estratégica de Corumbá, a torna um importante ponto de conexão entre o Brasil e países vizinhos, facilitando o comércio e o turismo internacional.
A economia do município é diversificada, com destaque para:
● Mineração: A cidade possui grandes reservas minerais, como Manganês e Ferro, sendo responsável por uma significativa produção nacional desses minérios;
● Pecuária: Com um rebanho bovino de aproximadamente 1,98 milhão de cabeças, Corumbá é um dos maiores produtores de carne bovina do Brasil, representando 11% do rebanho de Mato Grosso do Sul.
● Turismo: O turismo pesqueiro é uma das principais atividades econômicas, atraindo visitantes para a prática de pesca no Rio Paraguai, com destaque para espécies como pacu, pintado e dourado. Além disso, a cidade é ponto de partida para explorar o Pantanal, oferecendo passeios ecológicos e culturais.
Por estar inserida no bioma Pantanal, a cidade de Corumbá tem um histórico de ocorrência de onças-pintadas e onças-pardas (Puma concolor), que vem sendo monitorado há vários anos pelos órgãos e organizações locais, como a Polícia Militar Ambiental, o Instituto Homem Pantaneiro, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, ICMBio/CENAP, IBAMA e Fundação de Meio Ambiente. Ocorrências na primeira década dos anos 2000, levaram a Fundação de Meio Ambiente do Pantanal e a Defesa Civil de Corumbá, em parceria com outras instituições, a esboçar um primeiro Plano de Contingência em resposta à ocorrência de grandes felinos na área urbana.
E embora um monitoramento sistemático não tenha sido realizado, os dados históricos demonstram que as ocorrências parecem estar relacionadas a eventos de cheia ou incêndios, quando os animais buscam abrigo e presas na área urbana, principalmente nas áreas residenciais mais próximas ao Rio Paraguai.
Desde o primeiro trimestre do ano de 2025, vem sendo reportado pela comunidade em geral, a ocorrência da onça-pintada na região que abrange o posto da PRF, na Rodovia Ramon Gomes, até a região da Cacimba da Saúde, no bairro Cervejaria, ao longo de um trecho que compreende aproximadamente 3,5 km.
Desde então, a Fundação de Meio Ambiente, com apoio da PMA e do IHP vem monitorando a presença das onças na área urbana e apoiando as ações de Educação Ambiental promovidas pela Fundação de Meio Ambiente.
Apesar do histórico de avistamentos na região, nenhum caso de ataque a humanos foi reportado. A recente mudança de relação com a presença da onça-pintada na região possivelmente se decorreu devido ao recente acidente fatal envolvendo uma onça-pintada na região do Touro-Morto, no Pantanal. O caso foi tratado como de elevado risco de reincidência, dada a alta habituação incomum do animal a humanos, e por isso as autoridades optaram por remover o animal da região, com destinação definitiva ao cativeiro.
Apesar de uma decisão técnica e pontual, a retirada de um animal após situação de conflito revelou um precedente para que a população entendesse como sendo este um manejo a ser realizado em outras realidades.
A ampla divulgação do incidente, infelizmente com muitas desinformações associadas, sensacionalismo e fatos irreais, também foi responsável por alterar a percepção e relação sobre a presença da onça-pintada.
Considerando o estabelecido nas Diretrizes da Comissão de Segurança e Cooperação da UICN sobre conflitos e coexistência entre humanos e vida selvagem, cinco categorias de informações podem ajudar a analisar um conflito específico entre humanos e vida selvagem:
1. Percepções sobre a espécie envolvida em um conflito;
2. Visões sobre as questões do conflito entre humanos e vida selvagem;
3. Avaliações de tentativas anteriores de abordar o conflito;
4. Vontade das partes em encontrar uma solução;
5. Percepções sobre aqueles que não são diretamente parte do conflito.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A educação ambiental é uma ferramenta essencial para a construção de uma cultura de respeito e convivência com a fauna silvestre. Campanhas educativas, de sensibilização, voltadas a escolas e diretamente às comunidades em questão, podem ajudar a reduzir o medo e a desconstruir mitos sobre as onças, promovendo atitudes preventivas e conscientes (Marchini e Macdonald, 2012).
Além disso, a participação ativa das comunidades no reconhecimento da importância ecológica desses predadores contribui para sua valorização como símbolo da biodiversidade regional (Cavalcanti e Gese, 2010).
PREVENÇÃO E SEGURANÇA
A adoção de medidas práticas, como o reforço de cercas, o uso de abrigos noturnos para animais domésticos, iluminação e a eliminação de atrativos (como restos de alimento e cadáveres) pode reduzir significativamente os casos de predação e encontros perigosos.
O manejo adequado do ambiente, com a limpeza de terrenos e bordas de mata, também dificulta a aproximação silenciosa de predadores (ICMBio, 2021; PMA/MS e IBAMA, 2013).Essas medidas devem ser adaptadas à realidade local, com apoio técnico das autoridades ambientais e envolvimento direto da comunidade.
MONITORAMENTO
Em situações de alto risco à segurança, quando há ameaça direta à integridade física de pessoas ou em casos específicos, à segurança do animal, pode ser necessária a remoção e translocação do indivíduo. Esse tipo de ação exige planejamento rigoroso, equipe especializada, autorização legal e avaliação de áreas receptoras com viabilidade ecológica (ICMBio, 2021).
Contudo, especialistas alertam que essa medida deve ser usada como último recurso, pois não resolve o conflito estrutural e pode causar estresse e riscos à saúde do animal translocado (Quigley et al., 2015).
Ocorrências prévias com tentativa de remoção de indivíduos em Corumbá, resultaram na morte acidental de duas onças.
FLUXO DE ATENDIMENTO – 2013
Em 2013, foi estruturado um fluxo de atendimento para ocorrências com grandes felinos no Mato Grosso do Sul, com participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio, Polícia Militar Ambiental PMA e Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul CBMMS.
Esse protocolo define as etapas de resposta, desde o acionamento das autoridades até o manejo emergencial do animal, incluindo avaliação comportamental, contenção química e possíveis medidas de translocação (PMA/MS & IBAMA/ICMBio, 2013).
A construção desse fluxo interinstitucional marcou um avanço importante na gestão de conflitos entre humanos e onças, ao integrar segurança pública, conservação ambiental e bem-estar animal.
OBJETIVO GERAL
Esta Nota Técnica tem como objetivo geral pautar moradores, órgãos da administração pública e a imprensa em geral sobre o monitoramento da situação de ocorrência de onças na área urbana de Corumbá; além de subsidiar, a partir da avaliação de técnicos e especialistas, a tomada de decisões por parte dos gestores públicos.
Subscrevem essa nota, técnicos e especialistas dos seguintes órgãos: FMAP/MS, IBAMA, ICMBio/CENAP, Polícia Militar Ambiental – PMA, pesquisadores da UFMS e UCDB, IMASUL, GRETAP/MS e IHP.
São objetivos específicos desta nota técnica:
1. Atualizar sobre o monitoramento e ações realizadas na região afetada;
2. Reduzir o risco de encontros e ataques entre onça-pintada e humanos;
3. Minimizar prejuízos à comunidade (animais de estimação/domésticos);
4. Proporcionar orientação clara para conduta em situações de avistamento e contato;
5. Promover convívio seguro e a conservação da espécie.
DADOS DO MONITORAMENTO
● 24 de março de 2025: Relato de uma onça atacando cães em um sítio na região da Cacimba da Saúde, com acesso pelo Mirante da Capivara.Cão com ferimentos provocados pela onça-pintada (segundo morador local). Fonte: Morador Local.
● 27 de março de 2025: Relato de outro ataque a cães na região da Cacimba da Saúde. Segundo moradores, dois animais foram levados por uma onça-pintada. Analista do IHP recebeu relato de uma professora quanto à ocorrência de uma onça-pintada predando cães nas proximidades do Mirante da Capivara.
● 15 de abril de 2025: Relato de moradores da região da Cacimba da Saúde de depredação de cães.
● 16 de abril de 2025: Equipe do IHP e PMA visitam a região para instalação de armadilhas fotográficas e análise do local.
Dois analistas do IHP junto a dois integrantes da PMA foram até o local do avistamento. A onça foi vista por um dos moradores enquanto predava um dos seus cães. O morador então gritou na direção do animal que soltou o cachorro ainda vivo no chão e correu em seguida.
Foram encontrados rastros a dois metros da casa dos moradores e ao longo de toda a estrada, além de ossadas de cães e outros animais em alguns trechos da mata ao redor da estrada. Foram instaladas duas armadilhas fotográficas no local e prestada assistência veterinária ao cão ferido.
● 18 de abril de 2025: Relato de onça-pintada avistada próximo ao posto da PRF, Rodovia Ramon Gomes.
● 18 de abril de 2025: Registro de uma onça-pintada na região da AGESA, imediações da fronteira Brasil/Bolívia.
● 20 de abril de 2025: Registro de uma onça-pintada na região da Cacimba por armadilha fotográfica.
● 20 de abril de 2025: Relato de predação de um cão na base da Polícia Militar Ambiental de Corumbá.
● 22 de abril de 2025: Nova armadilha fotográfica instalada pela equipe do IHP, na base da PMA.
● 25 de abril de 2025: Evento de observação de fauna em zonas urbanas promovido pelo PrevFogo, e ação da Secretaria de Infraestrutura de Corumbá e Fundação de Meio Ambiente do município. Nessa ação foi realizada limpeza da rua onde a onça-pintada foi avistada na área da Cacimba da Saúde.
● 22 de maio: Imagens de vídeo de uma onça-pintada à beira da rodovia Ramón Gomes, supostamente nessa data e gravadas por bolivianos a caminho da fronteira.
● 23 de maio de 2025: Registro de onça-pintada na região do Mirante da Capivara em tentativa de predação de um cão doméstico. Imagens da câmera de segurança de um morador.
● 26 de maio de 2025:Instalação de armadilha fotográfica em área da Agesa, próximo à fronteira com a Bolívia.
● 04 de junho de 2025: Relato de pescador que vive na região do Mirante da Capivara sobre avistamento de uma onça-pintada caçando ariranhas no Canal do Tamengo.
● 05 de junho de 2025:Ação de Educação Ambiental realizada pela Fundação de Meio Ambiente, com o apoio de analistas do IHP na região do Mirante da Capivara.
● 06 de junho de 2025:Registro de onça-pintada na região do Mirante da Capivara. O animal é afugentado por sinalização sonora. Imagens da câmera de segurança de um morador.
Quaisquer outros registros divulgados nos diversos canais de comunicação, que não foram apresentados aqui, não foram atestados pelas autoridades locais e especialistas envolvidos no caso. Por isso, não são considerados como registros de onças-pintadas realizados na região em questão.
POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA A COEXISTÊNCIA HUMANO-ONÇAS EM CORUMBÁ
Medidas de Prevenção de Encontros
1. Educação e Informação Comunitária- Realizar campanhas educativas nas escolas, postos de saúde, associações de bairro e rádios locais sobre o comportamento da onça-pintada e precauções.
– Distribuir cartazes com orientações visuais em pontos estratégicos (praças, escolas, comércio) e casa a casa.- Instruir pessoas para evitar circulação isolada em áreas periféricas, principalmente ao amanhecer, entardecer, noite e madrugada.
– Se necessário transitar em áreas de visualizações, levar uma buzina de ar comprimido e usar em caso de encontros.- Não permitir que crianças circulem sozinhas (sem um adulto). Dêem preferência para deslocamentos em grupos.
2. Gestão de Animais Domésticos e resíduos
– Orientar a população a manter cães de pequeno e médio porte e gatos recolhidos em recintos seguros à noite (currais reforçados ou dentro de casa).
– Cães de grande porte, (ou de médio porte mantidos em grupos), podem ser mantidos na proximidade das casas, para proteção.
– Desencorajar a alimentação de animais domésticos ao ar livre após o anoitecer.
– Reforçar lixeiras e evitar acúmulo de resíduos alimentares em quintais.
– Desencorajar retirada de lixo doméstico e de comércios ao entardecer, optando preferencialmente para destinação dos resíduos próximos aos horários de coleta.
3. Manejo do ambiente
– Cortar vegetação muito densa em terrenos baldios próximos de residências.
– Manter lotes limpos para reduzir abrigos potenciais para grandes felinos.
– Não deixar restos de alimentos e lixo expostos.
– Não realizar descarte de cadáveres de animais em terrenos baldios ou próximo às moradias.
Sistemas de Monitoramento de Avistamentos
1. Instituir um sistema de monitoramento na região
– Instituir patrulhas periódicas nas regiões afetadas.
– Instalar armadilhas fotográficas nas trilhas de acesso utilizadas pelos animais.
– Manter calendário de rondas dos órgãos com horários flexíveis, ajustados a relatos de avistamento.
– Priorizar rondas nos trechos de deslocamento para escolas nos horários de entrada e saída das crianças.
2. Envio de Relatórios
– Padronizar formulários de ocorrência para registro detalhado de avistamentos ou ataques.
– Compartilhar informações rapidamente com órgãos responsáveis
– criar rede de comunicação entre os órgãos envolvidos.
3. Sistemas de Comunicação Comunitária
– Implementar grupo de WhatsApp da comunidade, com participação dos órgãos envolvidos e líderes locais.
– Disponibilizar telefone e e-mail de contato para denúncias e relatos.
– Instalar pontos de aviso físicos em locais-chave, informando as regras de conduta e meios de notificação.
Protocolos de Conduta
1. Visualização à Distância/Sem Risco Imediato
– Mantenha distância (mínimo de 100 m, se possível). NÃO corra!
– Não se aproxime (em hipótese alguma) para fotografar ou filmar.
– Estimule outras pessoas a se afastarem calmamente.
– Não fique de costas para o animal e tente fazer bastante barulho.
– Comunique imediatamente pelo grupo e canais oficiais, indicando local, horário, se possível GPS, e comportamento do animal.
2. Encontro Próximo (menor a 30 metros)
– Mantenha-se calmo, NÃO corra!
– Fique em pé, mostre-se grande e faça barulhos firmes (falar alto, bater palma).
– Recolha crianças pequenas ao colo, agrupe pessoas.
– Afaste lentamente, sempre de frente para a onça, sem fazer movimentos bruscos.
– Tocar buzina de ar comprimido.
– Mantenha portas e portões de casas fechados à noite.
– Comunique imediatamente pelo grupo e canais oficiais, indicando local, horário, se possível GPS, e comportamento e características (se possível) do animal.
3. Encontro próximo com indicação de ataque (animal abaixado, com patas flexionadas, olhar fixo na pessoa e ponta de rabo batendo com constância)
– NÃO vire as costas, NÃO corra.
– Toque a buzina.
– Busque amparo em local protegido imediatamente (dentro da casa, veículo, comércio).
– Continue fazendo barulho intenso se não conseguir abrigo imediato.
– Jamais tente enfrentar ou cercar o animal.
– Comunique imediatamente pelo grupo e canais oficiais, indicando local, horário, se possível GPS, e comportamento do animal.
Acidentes com qualquer animal ocorrem quando o ser humano assume um comportamento desrespeitoso e prepotente em relação ao animal.
Animais geralmente atacam quando estão acuados, quando não possuem ponto de fuga. Sempre dê alternativas para que uma onça fuja do local. Não engaje em uma tentativa de enfrentamento ou captura.
Os casos registrados de ataques de onças, ocorreram em situações de caça/captura ou quando existia grande habituação de um animal ao ser humano, provocado pelo homem, por meses.
O comportamento das onças foi modificado e as mudanças foram observadas. Comunicar o comportamento dos animais avistados é extremamente importante. No entanto, informações falsas podem provocar problemas na identificação e avaliação de situações de risco. Importante a comunicação ser imediata e verídica, sem acréscimo de informações não vivenciadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alvarenga, G. C., Chiaverini, L., Cushman, S. A., Dröge, E., Macdonald, D. W., Kantek, D. L. Z., … & Kaszta, Ż. (2021). Multi-scale path-level analysis of jaguar habitat use in the Pantanal ecosystem. Biological Conservation, 253, 108900.
Azevedo, F. C. C., & Murray, D. L. (2007). Spatial organization and food habits of jaguars (Panthera onca) in a floodplain forest. Biological conservation, 137(3), 391-402.
Bardales, R., Boron, V., Passos Viana, D. F., Sousa, L. L., Dröge, E., Porfirio, G., … & Hyde, M. (2024). Neotropical mammal responses to megafires in the Brazilian Pantanal. Global Change Biology, 30(4), e17278.
Barros Y. Brocardo, C. Reginato T. et al. Onças do Iguaçu – Guia de Convivência (Projeto Onças do Iguaçu). WWF Brasil (Guia). Brasília, 2018. ISBN 978-85-5574-043-5
Cavalcanti, S.M.C., & Gese, E.M. (2010). Kill rates and predation patterns of jaguars (Panthera onca) in the southern Pantanal, Brazil. Journal of Mammalogy, 91(3), 722–736.
Crawshaw Jr, P. G., & Quigley, H. B. (1991). Jaguar spacing, activity and habitat use in a seasonally flooded environment in Brazil. Journal of Zoology, 223(3), 357-370.
Dalponte, J. C. (2002). Jaguar diet and predation on livestock in the northern Pantanal, Brazil. El Jaguar en el nuevo milenio. Una evaluacion de su estado, deteccion de prioridades y recomendaciones para la conservacion de los jaguares en America, 209-222.
Eriksson, C. E. et al. (2022). Extensive aquatic subsidies lead to territorial breakdown and high density of an apex predator. Ecology, 103(1), e03543.
Foster, V. C., Sarmento, P., Sollmann, R., Tôrres, N., Jácomo, A. T., Negrões, N., … & Silveira, L. (2013). Jaguar and puma activity patterns and predator‐prey interactions in four Brazilian biomes. Biotropica, 45(3), 373-379.
Frankel, O. H., & Soulé, M. E. (1981). Conservation and evolution.Cambridge, England, United Kingdom Cambridge University Press.
Fuller, T. K., Sievert, P. R. (2001). Carnivore demography and the consequences of changes in prey availability. Carnivore conservation, 5, 163.González, C. A. L., Miller, B. J. (2002). Do jaguars (Panthera onca) depend on large prey?. Western North American Naturalist, 218-222.
Harris, M. B., Tomas, W., Mourão, G., Da Silva, C. J., Guimaraes, E., Sonoda, F., & Fachim, E. (2005). Safeguarding the Pantanal wetlands: threats and conservation initiatives. Conservation Biology, 19(3), 714-720.
ICMBio (2021). Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-pintada (PAN Onça-pintada). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.ICMBio (2025). Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade – SALVE. Disponível em: https://salve.icmbio.gov.br/. Acesso em: 10 de Jun. de 2025.IUCN (2023).
IUCN SSC guidelines on human-wildlife conflict and coexistence. First edition. Gland, Switzerland: IUCNIUCN (2025). The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2025-1. <https://www.iucnredlist.org>
Khorozyan I, Ghoddousi A, Soofi M, Waltert M (2015) Big cats kill more livestock when wild prey reaches a minimum threshold. Biological Conservation 192: 268–275. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2015.09.031
Kumbhojkar S, Yosef R, Kosicki J, Kwiatkowska P, Tryjanowski P (2020) Dependence of the leopard Panthera pardus fusca in Jaipur, India, on domestic animals. Oryx: 1–7. https://doi.org/10.1017/S0030605319001145
Lenth, Benjamin B.; Knight, Richard L.; Brennan, Mark E. The effects of dogs on wildlife communities. Natural Areas Journal, [S.l.], v. 28, n. 3, p. 218–227, 2008.
MacArthur, R. H., & Pianka, E. R. (1966). On optimal use of a patchy environment. The American Naturalist, 100(916), 603-609.
Marchini, S. & Macdonald, D.W. (2012). Predicting ranchers’ intention to kill jaguars: Case studies in Amazonia and Pantanal. Biological Conservation, 147(1), 213–221.
Morato, R.G., Stabach, J.A., Fleming, C.H., Calabrese, J.M., De Paula, R.C., Ferraz, K.M.P.M.B., & Paviolo, A. (2018). Space use and movement of a neotropical top predator: the endangered jaguar. PLoS ONE, 13(12), e0208521.
Perilli, M. L., Lima, F., Rodrigues, F. H., & Cavalcanti, S. M. (2016). Can scat analysis describe the feeding habits of big cats? A case study with jaguars (Panthera onca) in Southern Pantanal, Brazil. Plos one, 11(3), e0151814.
Porfirio, G. E. O. (2009). Ecologia alimentar da onça-pintada (Panthera onca) na sub-região do Pantanal de Miranda, MS. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
PMA/MS, IBAMA, & ICMBio (2013). Fluxo Operacional para Manejo de Grandes Felinos em Áreas Urbanas e Rurais no Mato Grosso do Sul. Documento técnico interno.
Quigley, H., Foster, R., Petracca, L., Payan, E., Salom, R., & Harmsen, B. (2015). Resolving human–big cat conflict: a review of patterns and strategies. Biodiversity and Conservation, 24(12), 2853–2871.
Rabinowitz, A. R., & Notthingham, B. N. Jr. (1986). Ecology and behaviour of the Jaguar (Panthera onca) in Belize, Central America. Journal of Zoology, 210(1), 149-159.
Sanderson, E. W., Redford, K. H., Chetkiewicz, C. L. B., Medellin, R. A., Rabinowitz, A. R., Robinson, J. G., & Taber, A. B. (2002). Planning to save a species: the jaguar as a model. Conservation Biology, 16(1), 58-72.
Schaller, G. B., & Crawshaw Jr, P. G. (1980). Movement patterns of jaguar. Biotropica, 161-168.Seymour, K. L. (1989). Panthera onca. Mammalian species, (340), 1-9.
Silver, S. C., Ostro, L. E., Marsh, L. K., Maffei, L., Noss, A. J., Kelly, M. J., … & Ayala, G. (2004). The use of camera traps for estimating jaguar Panthera onca abundance and density using capture/recapture analysis. Oryx, 38(2), 148-154.
Soisalo, M. K., & Cavalcanti, S. M. (2006). Estimating the density of a jaguar population in the Brazilian Pantanal using camera-traps and capture–recapture sampling in combination with GPS radio-telemetry. Biological conservation, 129(4), 487-496.
Swank, W. G., & Teer, J. G. (1989). Status of the jaguar—1987. Oryx, 23(1), 14-21.Terborgh, J. (1988). The Big Things that Run The World–A Sequel to EO Wilson. Conservation Biology, 2(4).
Young JK, Olson KA, Reading RP, Amgalanbaatar S, Berger J (2011) Is wildlife going to the dogs? Impacts of feral and free-roaming dogs on wildlife populations. Biological Sciences Faculty Publications 61(2): 125–132. https://doi.org/10.1525/bio.2011.61.2.7
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://wwfint.awsassets.panda.org/downloads/human_wildlife_conflict.pdfchrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/2023-009-En.pdf
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.hwctf.org/_files/ugd/7acc16_f4a961fa080f482ba7586ce2f4081402.pdf
chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://wildtigerhealthcentre.org/wp-content/uploads/2020/04/Goodrich_2010-Human-tiger_conflict_Review_and_call_for_comprehensive_plans.pdf
NESTA DATA DE 11/06/2025 – SUBSCREVEM ESTA NOTA, CORPO TÉCNICO:
INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA (SUPES-MS)
FUNDAÇÃO DE MEIO AMBIENTE DO PANTANAL (CORUMBÁ/MS)
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – ICMBio / CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS CARNÍVOROS – CENAP
INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE DO MATO GROSSO DO SUL – IMASUL
INSTITUTO HOMEM PANTANEIRO – IHP
POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL – PMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL – UFMS (PESQUISADORES)
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (PESQUISADORES)
GRUPO DE RESGATE TÉCNICO ANIMAL CERRADO PANTANAL – GRETAP/MS
JAGUARTE LTDA. (PESQUISADOR)