Após diagnóstico de técnicos do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) sobre a saúde de nascentes que ajudam a abastecer o Pantanal, houve a identificação de medidas necessárias para proteger uma nascente do rio Aquidauana, que está localizada em São Gabriel do Oeste. As ações de intervenção são de médio e longo prazo e estão sendo desenvolvidas pelo IHP, em parceria com o governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), com apoio de proprietários rurais e da Polícia Militar Ambiental (PMA).
O projeto teve início em agosto de 2023 e envolveu a realização de um plano para restauração, com acompanhamento técnico para realização de correção de solo em 40 hectares, bem como a recuperação direta de 4 hectares de área de preservação permanente (APP). Houve o plantio de 4.640 mudas de árvores nativas, boa parte delas fornecida do viveiro municipal da Prefeitura de São Gabriel do Oeste.
O diretor presidente do IHP, Angelo Rabelo, pontua que o trabalho conjunto entre iniciativas privada e pública permitem que resultados de conservação sejam alcançados de forma mais permanente. “O diálogo é o principal instrumento que temos que praticar para tratar a conservação. Os técnicos do IHP buscam visitar áreas sensíveis após a realização de levantamentos e estudos no escritório, promovem o diálogo com proprietários rurais e apresentam os impactos que estão sendo identificados e os motivos para se praticar ações de conservação para retomar a saúde de uma nascente, de uma área de APP. O ganho é para todos e esse caso em São Gabriel do Oeste denota bem essa medida.”
Ao todo, quatro fazendas foram visitadas pelos técnicos entre agosto de 2023 e janeiro de 2024 e diálogo com os proprietários foram mantidos nesse período. Com o diagnóstico realizado e o acordo definido para a realização das medidas, foi dado o início às intervenções em fevereiro de 2024, com os plantios também sendo feitos. Todas as ações dessa etapa foram concluídas em dezembro de 2024. Esse projeto é de médio e longo prazo porque ainda envolve a manutenção das mudas até ser restabelecida a vegetação.
“A parceria do governo do Estado e o apoio de proprietários permitiu que pudessem formar esse compromisso longo. O plantio das mudas nativas é algo que precisa entre 5 a 10 anos de prazo para haver uma consolidação da saúde dessas árvores. Nesse prazo, vamos ver também a volta da biodiversidade. Em um dos monitoramentos feitos, identificamos pegadas de anta, o que mostra que a fauna está encontrado segurança para circular na região e é um indicativo que estamos no caminho certo”, explicou o analista ambiental do IHP, Wener Hugo Moreno.
O IHP recebeu apoio de projeto disponibilizado pela Semadesc para executar as atividades. Essa chamada foi referente ao edital de chamamento público Semagro n. 001/2022, voltado para fomentar levantamentos, monitoramento e recuperação de passivos em área de preservação permanente (APP) no rio Aquidauana.
Entre as 29 espécies de mudas que foram plantadas estão: Gonçalo Alves; Aroeira pimenta; Ipê preto; Ipê rosa; Ipê roxo; Jacarandá mimoso; Chá de bugre; Angico branco; Cedro rosa; Araçá amarelo; Uvaia; Pau D’alho; Capororoca; Camboatá vermelho; e Embaúba.
O rio Aquidauana
Trata-se de um rio inserido na Bacia Hidrográfica do rio Miranda, tem 620 km de extensão e constrói um caminho para ligar o Cerrado ao Pantanal, já no município de Aquidauana. Ele possui duas principais nascentes, todas elas localizadas no município de São Gabriel do Oeste.
O rio Aquidauana corre no sentido Oeste em Mato Grosso do Sul (passando por São Gabriel do Oeste, Bandeirantes, Corguinho, Rochedo, Terenos, Dois Irmãos do Buriti, Anastácio e Aquidauana) até desaguar no rio Miranda. E este segundo é que vai se encontrar com o rio Paraguai, já no município de Corumbá.
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.