Um trabalho intenso para garantir que mãe e filha ficassem seguras. Com os esforços conjuntos da Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros, médicos veterinários e biólogos do IHP, equipe da Fundação de Meio Ambiente de Corumbá foi possível fazer o resgate e retornar à natureza duas onças-pintadas que acabaram dando um passeio pelas ruas de Ladário (MS), que fica no meio do Pantanal, entre a noite do dia 29 e manhã do dia 30 de maio de 2023.
Primeiro, o filhote fêmea, de cerca de um ano e meio, em torno de 30 kg, foi resgatada na noite do dia 29. Moradores de Ladário informaram aos Bombeiros que tinham avistado duas onças-pintadas no perímetro urbano, porém as informações exatas sobre localização foram repassadas aos poucos. A identificação exata aconteceu quando mãe e filhote foram parar no porto geral de Ladário.
Os Bombeiros de Corumbá fizeram a mobilização com demais autoridades para que houvesse a captura dos animais de forma segura. Com a movimentação no porto geral de Ladário, a onça-pintada mãe acabou correndo e se separou da filhote. O animal menor, de cerca de um ano e meio, correu para dentro de uma fábrica de gelo que fica no porto, onde foi possível realizar o resgate.
A sedação do filhote foi feita pela equipe técnica do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que possui treinamento e já realizou manejo de onça-pintada na Serra do Amolar, na época dos incêndios florestais de 2020. Para conseguir fazer a onça-pintada filhote dormir, houve uso de equipamento específico que dispara sedativo.
A soltura do animal ocorreu na outra margem do rio Paraguai, já na madrugada do dia 30 de maio, por volta das 4h. A partir de indicação de moradores de Ladário, as equipes envolvidas encontraram um local onde havia relatos de avistamento das onças-pintadas. A medida foi tomada para tentar manter o felino na mesma área onde estava com a mãe, antes de cruzar o rio e entrar no perímetro urbano de Ladário.
Como faltava a identificação da localização da mãe, as equipes ficaram mobilizadas de plantão. A onça-pintada adulto foi avistada nos fundos de uma casa a cerca de 100 m de onde ocorreu a captura do filhote, por volta das 7h do dia 30 de maio. Moradores de Ladário passaram a informar detalhes da localização do animal para as equipes de resgate, como forma de auxiliar nos trabalhos.
Depois que houve a soltura do filhote, passaram-se em torno de 3 horas para a mãe ser encontrada na cidade. A captura da mãe exigiu mais dos médicos veterinários do IHP por conta do tempo de espera a sedação correta. Foram cerca de quatro horas de monitoramento até ser possível retirar o animal do fundo da residência e transportá-lo, de barco, até a outra margem do rio Paraguai, na mesma região onde estava o filho. A soltura total ocorreu por volta do meio-dia do dia 30.
Conforme os técnicos do IHP, pelo fato das onças-pintadas estaram na mesma região, as duas conseguiriam encontrar-se. No acompanhamento dos médicos veterinários foi identificado que o filhote estava com cerca de 1,5 ano, devido à coloração dos dentes. Além disso, a mãe ainda apresentada sinais de amamentação, porém com indicativo de processo de desmame. Em geral, as onças-pintadas acompanham os filhotes pelo período de dois anos. Quando nascem, os filhotes são cegos e indefesos.
As onças-pintadas são territorialistas e ocupam uma média de 50 km² de território, o que equivale a 10 campos de futebol. A gestação dura entre 93 e 105 dias e podem nascer até três filhotes, que medem entre 63 cm e 76 cm.
Os moradores de Ladário foram fundamentais para comunicar o avistamento das onças-pintadas e ajudar as autoridades e técnicos. No Pantanal, coexistência e conservação fazem parte da rotina dos moradores.
No IHP, parceiros como a GM e a World Animal Protection (WAP) ainda se somam aos esforços pantaneiros de conservação.
Sobre o IHP
Com mais de 20 anos de atuação, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) compartilha com a sociedade os desafios para a conservação do Pantanal e toda sua biodiversidade. O Instituto é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua na produção de natureza no bioma Pantanal, com respeito à história e à cultura local. Dentre as atividades desenvolvidas, destacam-se a gestão de áreas protegidas, o apoio a pesquisas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse nas áreas.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Os programas e projetos permanentes que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.