Em balanço do Programa Protetor, IHP apresenta especialização para aumentar ações de conservação

Durante o Workshop do Programa Protetor, promovido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), realizada entre os dias 16 e 17 de dezembro, em Brasília (DF), o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) integrou a programação de atividades com palestra sobre capacitação especializada para potencializar o trabalho de conservação de biomas. O IHP, em conjunto com o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, realiza o curso de especialização em Estratégias de Conservação da Natureza, com duração de dois anos e certificação reconhecida pelo governo federal. Atualmente há uma turma sendo formada com a participação de policiais militares ambientais de diferentes partes do Brasil e profissionais civis que moram em Corumbá e Ladário.

O diretor presidente do IHP, Angelo Rabelo, foi que ministrou a palestra para apresentar resultados que a especialização tem gerado. Cada aluno do curso precisa entregar uma proposta de trabalho a ser desenvolvida em um dos biomas brasileiros. “Precisamos potencializar a mobilização que temos nos Estados para avançar em um trabalho mais especializado na conservação dos diferentes biomas”, sugeriu Rabelo.

O debate que envolveu o curso de Estratégias de Conservação da Natureza está inserido no contexto que o governo federal está com uma nova proposta de trabalho para combater o crime organizado e também crimes contra o meio ambiente. Um balanço do Programa Protetor de 2025 informou que as ações geraram prejuízo ao crime no valor de mais de R$ 4 bilhões. Os investimentos federais realizados são de aproximadamente R$ 112 milhões, com taxa de execução orçamentária superior a 97%.

Esse encontro foi realizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), com a coordenação da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi) e a condução técnica da Coordenação-Geral de Fronteiras e Amazônia (CGFRON). A atividade reuniu cerca de 70 profissionais das forças de segurança pública e de órgãos ambientais de 17 Unidades da Federação e do Distrito Federal, com foco nos biomas Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa.

Além do impacto financeiro sobre o crime, os dados consolidados apontam milhares de ações preventivas e repressivas, incluindo fiscalizações ambientais, combate a incêndios florestais, apreensões de armas, drogas, maquinários, veículos e produtos ilícitos, bem como a atuação integrada no enfrentamento ao desmatamento ilegal e a outros crimes ambientais. Os resultados reforçam a efetividade do modelo de cooperação federativa adotado pelo Programa Protetor.

O workshop realizado neste mês ainda buscou identificar desafios logísticos e de governança, aprimorar protocolos interagências e fortalecer o uso de tecnologias de monitoramento, inteligência e detecção remota. As discussões também subsidiaram a elaboração do Planejamento Integrado 2026, alinhado às diretrizes nacionais do MJSP para o enfrentamento qualificado dos crimes ambientais.

Durante a palestra magna de abertura, o diretor de Operações Integradas e de Inteligência da Senasp, Rodney da Silva, destacou a complexidade do enfrentamento aos crimes ambientais no Brasil e a necessidade de ampliar a coordenação nacional. “Prevenir e combater crimes ambientais é uma atividade complexa, sobretudo em um País com seis biomas e múltiplas dinâmicas criminosas. Por isso, vamos buscar a implementação de uma Rede Nacional de Proteção Ambiental Integrada”, afirmou.

Criação de uma rede nacional

Segundo o diretor, a proposta da Rede Nacional de Proteção Ambiental Integrada, a ser estruturada pela Diopi, tem previsão de início em 2026 e deverá articular a atuação de múltiplas agências federais, estaduais e municipais, tanto na prevenção quanto na repressão aos crimes ambientais. A iniciativa busca fortalecer a governança, padronizar procedimentos e ampliar a eficiência das operações em todo o território nacional.

O evento marcou a primeira vez em que profissionais das Polícias Militares Ambientais e dos Corpos de Bombeiros Militares dos estados que compõem os biomas Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa foram reunidos em um encontro nacional com foco específico nesses territórios. Em 2025, de forma experimental, a Operação Protetor dos Biomas apoiou ações de combate a incêndios florestais em estados como Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG), Sergipe (SE) e Piauí (PI), cujas experiências e resultados foram apresentados durante o workshop.

Curso de estratégias

A carga horária da especialização é de 400 horas, acrescidas de 60 horas de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), organizado na modalidade de Educação à Distância (EaD), no Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (Avea), por meio da plataforma Moodle, além da disciplina presencial obrigatória, a ser realizada somente no próximo ano. A duração do curso é de 18 a 24 meses.

A turma mais recente que foi formada é da temporada 2023-2024. Concluíram o curso oficiais das Polícias Militares Ambientais de 17 estados, além do Distrito Federal e profissionais da área de conservação que atuam em Corumbá (MS) e Ladário (MS). A etapa final do curso envolveu uma imersão pelo Pantanal, navegando ao longo do rio Paraguai por uma semana, em novembro de 2024.

Os representantes que concluíram o curso atuam no Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Roraima, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rondônia, Amazonas, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Ceará, Acre e Distrito Federal. Para ver fotos e saber mais sobre como foi a formação da turma mais recente da Pós-graduação em Estratégias de Conservação da Natureza, acesse esse link.

SOBRE O IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o Observatório Rodovias Seguras, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/

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