O Memorial Homem Pantaneiro, programa do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) para valorizar a cultura pantaneira e suas manifestações, abriga o lançamento do livro “O borco e a furna: ensaios arqueológicos e patrimoniais sobre o bem cultural viola de cocho e a sociedade pantaneira”, escrito por Yuri Zacra. O evento acontece durante o Festival América do Sul 2025, neste dia 16/5, às 16h, com entrada gratuita para o público. O Memorial fica na Ladeira José Bonifácio, 161, Porto Geral, Corumbá (MS).
Neste conjunto de ensaios, a Viola de cocho — instrumento tradicional do Pantanal — é colocada no centro de uma investigação que não se limita à música, nem à etnografia. A Viola aparece como ponto de encontro entre técnicas, formas de vida, materiais, histórias e disputas de sentido.
O autor investiga seus contextos sociais, seus modos de fazer, suas ligações com o território, com os ofícios, com os rituais e com o imaginário coletivo.
O título do livro — O Borco e a Furna — já antecipa a proposta: pensar por pares, por formas inversas que se entrecruzam e se tornam inseparáveis. É o côncavo e o convexo, presente nos bojos das próprias Violas, nas canoas, enfim, na totalidade dos cochos, nos aterros e morrarias abrigando as populações originárias e tradicionais. Como o sertão e a água. Invenção e Tradição. O livro assim parte de uma pergunta simples: por que a viola se chama “de cocho”?
Ao seguir essa trilha, os capítulos desdobram temas que envolvem a história das navegações no oeste do Brasil central, as artes de se trabalhar as cascas das árvores, a relação entre cultura material e memória, os regimes de nomeação no campo do patrimônio, os elementos culturais das populações indígenas, os fluxos fluviais das Bandeiras, etc.
Dividido em oito capítulos independentes — mas conectados por um fio interpretativo — o livro avança, num arco, dos debates conceituais às vivências e pesquisas de campo ao longo do rio Paraguai.
A obra tem investimento do Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul (FIC), por meio da Fundação de Cultura do Governo de MS e o governo de MS.
Sobre o autor
Yuri Zacra é professor de língua portuguesa e literatura, atuando também em projetos que envolvem a preservação de bens culturais e políticas públicas. Formado em Letras pela Unicamp, onde também fez mestrado em Teoria e História Literária, se aprofundou na obra de Ludwig Wittgenstein e na rica literatura brasileira e europeia dos séculos XVI e XVII.
Dedicou-se às pesquisas sobre o patrimônio imaterial, especialmente no Mato Grosso do Sul, quando participante do Programa de mestrado profissional em especialização em Patrimônio do Iphan, com enfoque na tradição da Viola de cocho, no complexo de rezas guaranis e na cultura fronteiriça do consumo e do cultivo da erva-mate.
Aprofundando sua conexão com o campo do patrimônio, também se debruçou, a partir do acervo do Centro Lúcio Costa, nas pesquisas a respeito da relação do pensamento social brasileiro e as políticas culturais e institucionais, com ênfase, nas obras e atuação de Gilberto Freyre. Foi curador do acervo do escritor Djacir Menezes para Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Horário de funcionamento
Horário especial de visitação ao Memorial Homem Pantaneiro durante o Festival América do Sul 2025:
Dias 15 e 16/5 – 16h às 19h
Dia 17/5 – 8h30 às 11h30 e das 16h às 19h
Dia 18/5 – 8h às 11h
Evento no dia 16/5, às 16h: Lançamento do livro “O Borco e a Furna: Ensaios arqueológicos e patrimoniais sobre o bem cultural viola de cocho e a sociedade pantaneira”, de Yuri Zacra. Aberto ao público
A entrada é gratuita!
Sobre o Memorial
O Memorial Homem Pantaneiro é um programa permanente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), funciona como centro cultural, com reconhecimento de Ponto de Memória pelo IBRAM (2023), e promove a cultura rural pantaneira, seus costumes, tradições e jeito de ser em um trabalho alinhado à importância da conservação do Pantanal. Em 2024, o Memorial Homem Pantaneiro passou por remodelação do espaço físico. As novidades são implantação de acessibilidade, nova cenografia, criação de espaço dedicado à mulher pantaneira, utilização de recursos audiovisuais para trazer uma parte da história pantaneira para os visitantes.
A nova exposição de longa duração no Memorial Homem Pantaneiro foi possível com recursos financiados via Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, Governo Federal. São parceiros: Ambiental MS Pantanal/ Instituto Aegea, ISA ENERGIA BRASIL, Hinove, Fort Atacadista (Grupo Pereira) e Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira. Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o Observatório Rodovias Seguras, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/