Trabalho científico global, com pesquisadores do IHP, detalha como haver a coexistência entre humanos e onças

A coexistência entre o ser humano e a onça, principalmente a onça-pintada, é possível a partir do apoio do conhecimento científico para se implantar estratégias que possam reduzir o conflito. A onça-pintada, símbolo da biodiversidade brasileira, representa um equilíbrio no território que ela habita. Ao mesmo tempo, pode contribuir como um ativo para valorizar o ecoturismo, gerar renda para comunidades e apoiar medidas de ESG para propriedades rurais.

O estudo global intitulado “Sixty Degrees of Solutions: Field Techniques for Human-Jaguar Coexistence” buscou entender como ter o desenvolvimento dessa coexistência. Houve teoria e prática sendo aplicadas para permitir o equilíbrio da vida entre o ser humano e a vida selvagem. Há limites para serem respeitados e é preciso praticar a racionalidade, com a ciência, para garantir a harmonia e a redução de acidentes e tragédias.

Os pesquisadores John Polisar e RAFAEL HOOGESTEIJN lideraram o estudo mundial, que teve etapa sendo desenvolvida no Pantanal brasileiro. Pelo IHP, participaram da pesquisa a coordenadora técnica de projetos Grasiela Porfirio e o médico-veterinário Diego Viana, quando integrava a equipe.

“O artigo avaliou 248 propriedades rurais em 11 países, incluindo o Pantanal brasileiro. As propriedades variaram de pequenos sítios a grandes fazendas de pecuária extensiva, abrangendo terras privadas, terras comunitárias e territórios indígenas. O estudo analisou a eficácia de 11 tipos de estratégias para reduzir ataques de onças a rebanhos, como: melhoria do manejo do gado, uso de cercas elétricas, confinamento noturno de animais, instalação de luzes de dissuasão, uso de búfalos e cães de guarda, conservação de fauna nativa e aumento da vigilância. A publicação envolvendo diversos pesquisadores, de vários países do mundo, traze soluções práticas para o desafio de produzir em áreas com onças”, explicou Grasiela Porfírio.

De acordo com o estudo, foram identificados diferentes resultados:

• Redução entre 60% e 100% nas perdas de animais quando as técnicas foram aplicadas corretamente.
• Em 88% dos casos, o valor economizado foi maior do que o custo dos investimentos feitos pelos produtores.
• Estratégias simples, como separar bezerros e utilizar cercas básicas, já mostraram grande eficácia.
• A combinação de diferentes ações é a abordagem mais eficiente.

Esse trabalho científico contribui para reforçar o conhecimento de que é possível promover a coexistência segura entre pessoas e grandes predadores como a onça-pintada. Além de ser possível habitar um mesmo território, a pesquisa ainda identificou que a coexistência pode trazer benefícios tanto para a conservação da natureza quanto para a segurança e economia das famílias rurais. “Coexistir com a biodiversidade é um caminho necessário para um futuro mais equilibrado e sustentável”, apontou Grasiela Porfírio.

Para a região do Pantanal, o estudo identificou que as técnicas que surtiram efeito envolveram o uso de repelentes luminosos, cercas eletrificadas, sinais sonoros para animais domésticos, manejo em locais estratégicos com reserva de água, uso de guardas como burros e outros animais, proibição da caça à onça criação de corredores para manter presente a vida silvestre em uma área estratégica. Todos esses métodos foram utilizados de forma combinada, levando também em consideração características específicas de diferentes regiões pantaneiras.

A publicação integral pode ser consultada neste link, da editora de revistas científicas MDPI. Por conta de seu alcance global, instituições de renome, como o Departamento de Biologia de Oxford (Inglaterra), destacou o trabalho científico elaborado.

Resumo sobre a produção científica

🐆🌱 É possível produzir e conservar!

Compartilhamos um estudo global que reuniu dados de 248 propriedades rurais em 11 países, incluindo o Pantanal brasileiro, mostrando que coexistir com onças-pintadas é possível e viável – tanto para a conservação quanto para a economia de quem vive no campo.

💡 O artigo avaliou 11 estratégias para reduzir ataques de onças a rebanhos, como: 🔹 Cercas elétricas
🔹 Confinamento noturno
🔹 Cães e búfalos de guarda
🔹 Manejo do gado
🔹 Conservação da fauna nativa

📉 Os resultados impressionam: ✔ Redução de 60% a 100% nas perdas de animais
✔ Em 88% dos casos, o retorno financeiro compensou os investimentos
✔ Ações simples, como separar bezerros, já fazem diferença
✔ A combinação de estratégias é o caminho mais eficaz

🌎 O estudo reforça que a convivência entre humanos e grandes predadores é possível — e necessária — para construirmos um futuro mais sustentável e equilibrado.

Sobre o IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e restauração do Pantanal e para a valorização da cultura pantaneira. Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. As ações prioritárias do IHP são feitas nos pilares para proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e atuação conjunta com comunidades tradicionais e de povos originários para apoiar o desenvolvimento sustentável. O IHP também integra o Observatório Pantanal, o GT de Coexistência Humano-Onça, os PANs Ariranha e Onça-pintada, além do Comitê Estadual do Fogo em Mato Grosso do Sul. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/

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