Comunidade indígena Barra do São Lourenço e Aterro do Binega enfrentam emergência de saúde

Os atendimentos da equipe de saúde voluntária que percorreram a comunidade indígena Barra do São Lourenço e Aterro do Binega identificaram que os moradores vêm sofrendo com casos de faringite, problemas respiratórios, ardência nos olhos por conta da quantidade de fumaça e fuligem registrada nesses territórios neste mês de outubro. A equipe classificou a situação como uma emergência de saúde. Os atendimentos foram feitos em mais de 30 pessoas, entre os dias 28 e 30 de outubro.

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) fez um chamado para obter voluntários e deu suporte na acomodação e logística na região, além de doar alguns medicamentos. Nessa região, o IHP desenvolve o programa Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (Rede Amolar). O Instituto Amigos do Coração e a Amapil Táxi Aéreo também estiveram engajados na ação. A equipe de voluntários teve o médico infectologista Percival Henrique, de Campo Grande; a técnica em enfermagem Patrícia Colman Costa, de Corumbá; a médica-veterinária voluntária Iandara Schettert, também da Capital, além da piscóloga Daicy Saldanha. Roberto Teixeira é outro integrante da equipe e vai dar apoio aos profissionais da saúde.

Os voluntários ainda fizeram atendimento aos brigadistas que estavam instalados na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal.

Depois de realizar algumas avaliações, Percivel Henrique relatou que os incêndios florestais no Pantanal causaram diferentes dificuldades para as comunidades isoladas.

“As comunidades foram bastante assoladas pelos incêndios no Pantanal. O fogo chegou muito próximo. Vimos que as pessoas estão com muitas dificuldades respiratórias, encontramos fuligem no nariz delas. Encontramos muitas pessoas com sintomas respiratórios, casos de faringite, ardência nos olhos. O cheiro de queimado é forte já no amanhecer. Um sofrimento muito grande com toda a fumaça. Uma das medidas que trouxemos para eles foi ensinar a melhor forma de fazer a lavagem nasal com soro para tentar cuidar mais da parte respiratória. É uma região de difícil acesso. Para chegar, conseguimos vir com a apoio da Amapil, de avião, mas para chegar na comunidade indígena Barra do São Lourenço só dá para vir de barco. É uma situação realmente de emergência”, retratou o infectologista, que já atua com voluntariado em outras regiões.

Durante as consultas, que foram feitas nas casas de diferentes moradores, foi possível realizar exames clínicos e haver a prescrição de medicamentos que podiam ajudar no tratamento de problemas respiratórios de forma emergencial.

Quem sentiu-se confortável, também conversou com a psicóloga que fazia parte da equipe. Ela ainda aplicou técnicas de reiki, que servem de complemento para tratamentos tradicionais e pode atuar no combate à ansiedade. A técnica em enfermagem aferiu pressão, oxigenação de crianças e adultos e deu suporte nos atendimentos. Já a médica-veterinária deu suporte para as pessoas que possuem animais domésticos.

Moradora do Aterro do Binega, Rayane Gomes de Souza reconheceu que os incêndios prejudicaram muito a rotina das famílias dessa região do Pantanal, onde há ribeirinhos e indígenas Guatós. “Para nós é muito importante esse atendimento, porque a gente não tem como ter o remédio de forma frequente. Não temos o médico de forma frequente. E com essa queimada ficou muito pior.”

O presidente do IHP, Angelo Rabelo, reforçou que a disposição dos profissionais contribuiu para um atendimento, que precisará ser continuado. “É uma emergência de saúde pública e temos que agradecer aos voluntários que conseguiram disponibilizar esse tempo para o atendimento.”

Em outubro de 2024, os incêndios nessa região de divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul passaram a ficar graves a partir do dia 11. O fogo chegou a circular casas na comunidade indígena Barra do São Lourenço e ameaçar a escola municipal rural instalada no Aterro do Binega. A Brigada Alto Pantanal, do IHP, Prevfogo/Ibama, Bombeiros de Mato Grosso do Sul e brigada voluntária da Barra do São Lourenço atuaram para reduzir as chamas. A fumaça densa nesse território só foi reduzida a partir do dia 28 de outubro.

Dados do LASA/UFRJ apontam que o fogo já consumiu mais de 18% do Pantanal, entre janeiro e 30 de outubro. Foram queimados 2.789.200 hectares. Só em outubro foram 548 mil hectares.

Parceria para o voluntariado

Com apoio do Instituto Amigos do Coração e Amapil Táxi Aéreo, foi possível que os profissionais de saúde conseguissem obter a doação de diferentes medicamentos. Tudo foi levado de barco para a região.

Sobre o Instituto Homem Pantaneiro

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatorio Pantanal.

Sobre o Instituto Amigos do Coração

Foi em 2012. Tínhamos um pequeno grupo de amigos em Campo Grande – MS. Um dia, nos reunimos e decidimos arregaçar as mangas para melhorar a realidade da nossa comunidade. Percebemos que, para alguns, o pouco podia significar muito. E tínhamos condições de contribuir com o que sabíamos fazer.

Organizamos projetos nas áreas de saúde e assistência social e começamos nosso serviço voluntário. A ideia deu tão certo que atraiu outros profissionais. De amigo em amigo, hoje somos centenas de voluntários. Gente que soma tempo, talento e solidariedade ao próximo. Gente que descobre, na prática voluntária, que um mundo melhor nasce em cada um de nós. Conheça mais em https://www.institutoamigosdocoracao.com.br/index.php.

Sobre a Amapil Táxi Aéreo

Em 1974, Belaus Pereira fundou a Amapil – Academia Mato-Grossense de Pilotagem Ltda., a primeira escola de aviação particular do estado e uma das pioneiras no Brasil. A empresa rapidamente se destacou, formando mais de 100 pilotos, e em 1975 inovou ao adquirir um simulador de voo e importar novos e modernos aviões modelo PA-28-140, estabelecendo-se como um centro de excelência em treinamento de aviação.

Com certificação e homologação pela ANAC, a Amapil se destaca como a única empresa no Mato Grosso do Sul a oferecer esses serviços com altíssima credibilidade e segurança, refletindo seu compromisso com a qualidade e a satisfação dos clientes. A empresa investe continuamente em tecnologias avançadas, treinamento de equipe e manutenção rigorosa de suas aeronaves, garantindo a tranquilidade e segurança de seus passageiros e parceiros comerciais. Conheça mais em https://amapil.com.br/

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