A equipe da Brigada Alto Pantanal, mantida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), conseguiu controlar um incêndio que estava na região do Paraguai-mirim, com apoio da comunidade. O fogo nessa área estava intenso desde 4 de junho e houve uma sequência de ações até este dia 18 de junho. Foram feitos tanto combates diretos, como criação de linhas de defesa para reduzir a intensidade das chamas.
Também ocorreram, nesse período, atividades para evitar que o incêndio pulasse o rio Paraguai e atingisse a escola rural Jatobazinho, bem como proximidades de casas de moradores. O local onde estava a Brigada Alto Pantanal fica a cerca de 2h30 de navegação a partir de Corumbá, rio Paraguai acima.
Para criar as linhas de defesa e fazer rescaldo, os brigadistas percorreram mais de 250 km entre vias fluvial e de terra. Além de embarcação, também foram utilizados trator e veículo traçado, fornecido pela comunidade, para conseguir alcançar locais mais distantes. A equipe também posicionou-se em locais a frente de incêndios para realizar aceiros, com o propósito de controlar as chamas. Também foram usados abafadores, moto-bomba, entre outros equipamentos.
Entre as condições adversas, os brigadistas encontraram pela frente muita fumaça causada pelos incêndios, calor acima dos 35º C, poeira dos locais que já tinham sido queimados, umidade relativa do ar baixa, qualidade do ar insalubre por conta do fogo.
Manoel Garcia, chefe da BAP, relatou um pouco dos desafios que a equipe precisou superar. “Aqui no Pantanal temos grandes distâncias. Sem o apoio da comunidade, seja com um veículo, caminhonete, trator, muitas vezes teríamos que andar por muito tempo. Essa ajuda é importante. E estamos buscando trabalhar para garantir que o fogo não acabe com locais que tenham bancos de sementes. Enfrentamos, algumas vezes, áreas com plantas, como o tucum, que têm espinhos. Outras vezes, temos que ficar atento com animais e, principalmente insetos, como as abelhas.”
Esse trabalho de combate também envolve uma ação para proteger um corredor de biodiversidade, onde vivem mais de uma centena de espécies de animais: a região da Serra do Amolar, no Pantanal. Esse território, que fica a mais de 5h de distância em viagem pelo rio Paraguai acima a partir de Corumbá (MS) tem uma importância significativa para o ciclo de cheia no bioma. O biólogo no IHP, Wener Hugo Moreno, detalha que o território exerce diferentes funções.
“Formando uma barragem natural com a morraria que ocorre ao longo do Rio Paraguai, a Serra do Amolar, na planície de inundação, funciona como um funil que controla o fluxo das águas norte – sul que moldam o atraso do pulso de inundação, assim inundado as diversas baías e lagoas que se encontram na região acima. Caracterizando assim o chamado gargalo Paraguai”, explica.
Ele ainda relata sobre como o monitoramento do IHP no território vem mostrando relacionados ao ciclo da água e seu impacto para a vida selvagem. “No Pantanal em si ainda carece de estudos que apresentem uma possível desertificação, porém o Pantanal está suscetível aos impactos causados em outras áreas que apresentam tal transformação, como a Amazônia, que literalmente dão origem aos chamados rios voadores, que carregam a maior parte das chuvas no Brasil, e assim influenciando nas chuvas no Pantanal. Sem as chuvas, há alterações no ciclo das águas na região. Foi notáveluma alteração nesse ciclo durante os últimos anos. Visto que o ciclo é de suma importância para os aspectos dos animais que aqui residem.”
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.
Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.