Fogo persiste em áreas de Patrimônio Natural da Humanidade, na Serra do Amolar

O fogo na Serra do Amolar, no Pantanal, ainda persiste nesta quinta-feira (1/2). A fumaça densa cobriu algumas comunidades da região e também chegou a Corumbá (MS) e Ladário (MS). Os dois municípios ficam a cerca de 230 km distante da Serra do Amolar, via rio Paraguai acima.

No sistema Pantanal em Alerta, dos Bombeiros de Mato Grosso do Sul, foram identificados 19 focos de calor neste dia 1/2. O Painel do Fogo, do SIPAM, aponta que a área já atingida pelas chamas destruiu cerca de 2,4 mil hectares no território até esta quinta-feira (1), na madrugada.

A Brigada Alto Pantanal, mantida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), vem atuando para proteger locais onde foram plantadas 25 mil mudas contra o avanço das chamas. Aceiros estão sendo montados, bem como está ocorrendo a limpeza de áreas, tanto para servir de rota de fuga de animais, como para tentar reduzir o tamanho do fogo no caso de ele avançar para essas regiões prioritárias.

Equipes também foram divididas para fazer visitas às comunidades, como Barra do São Lourenço, Barra do Binega e região do Paraguai-mirim para verificar riscos que moradores possam estar correndo.

O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul está com aeronave para identificar áreas mais críticas e realizar combate aéreo com aeronave que comporta 3 mil litros de água.

“Em volta da comunidade Amolar a gente conseguiu criar uma proteção e avaliamos que o fogo não vai atingir onde esses moradores vivem. Estamos com equipes distribuídas em três frentes, utilizando três diferentes bases que o IHP mantém nessa região. Fizemos uma proteção para garantir que o fogo fique o mais longe possível dos nossos sistemas de comunicação. Tivemos o apoio de helicóptero da Marinha nesse sentido. Já sabemos, com a experiência do que ocorreu no passado, que precisamos garantir que internet, rádio, nossa comunicação esteja plenamente funcionando para garantir socorros que forem necessários. Está ocorrendo também uma abertura de acesso para onde o fogo iniciou, como forma de identificar para onde essas chamas seguem. Estamos também torcendo muito para chuvas constantes”, explica a coordenadora de operações do IHP, Isabelle Ribeiro.

Números

Em todo o Pantanal, conforme o Painel do Fogo, neste primeiro mês do ano foram registrados 115 eventos de fogo. Ano passado, foram 28 registros.

Em Todo o Pantanal, conforme o sistema Pantanal em Alerta, neste dia 1/2 foram registrados 650 focos de calor, que atingiram 8 municípios do bioma e 122 propriedades.

Desde 2020, o fogo não atingia diretamente a Serra do Amolar, que é um Patrimônio Natural da Humanidade.

A Brigada Alto Pantanal, mantida pelo IHP, está com 14 brigadistas atuando em três frentes diferentes. Ainda há quatro brigadistas de Brigadas Voluntárias da SOS Pantanal para dar apoio.

Os Bombeiros de Mato Grosso do Sul estão com quatro integrantes para atuar em ações de campo, além do destacamento de uma aeronave, que chegou na região neste dia 1/2.

Histórico

O incêndio florestal foi iniciado no dia 27 de janeiro. Um pequeno proprietário rural da região pode ter começado o fogo na tentativa de limpar baceiro (vegetação flutuante que pode aglomerar-se de tal forma que cria pequenas ilhas que impedem o acesso a corixos ao longo do rio Paraguai) que estava no acesso para a propriedade. Ele chegou a ser informado sobre o início das chamas, após constatação do caso na central de monitoramento que o IHP possui em Corumbá. A Polícia Militar Ambiental também foi informada sobre o registro do início do incêndio para atuar na fiscalização.

Brigada Alto Pantanal e equipes de apoio atuam para evitar que fogo chegue em área de recuperação

Incêndio atinge Patrimônio Natural da Humanidade no Pantanal e fogo cobre Serra do Amolar

A Serra do Amolar

A região da Serra do Amolar, que está dentro do Pantanal, no município de Corumbá (MS), compreende um território de grande biodiversidade, é área de Reserva da Biosfera, além de ser um Patrimônio Natural da Humanidade. O território é formado por 80 km de extensão de morrarias que chegam a ter quase 1 mil de altitude. Essa área fica a cerca de 700 km de Campo Grande, a partir de Corumbá e por via fluvial. Só é possível chegar nesse local por ar ou pelo rio Paraguai.

Devido a várias particularidades, incluindo os seus elementos naturais, geográficos e ecológicos, a região tem potencial de abrigar espécies de plantas e animais que são de exclusividade da Serra do Amolar. Por ali, há interações de fatores geográficos, climáticos e ecológicos que criam ecossistemas particulares que não são encontrados em outras partes do Pantanal.

Além disso, trata-se de um território considerado uma barreira natural para o fluxo das águas, que se difere completamente de todo o restante do bioma. Ali existe uma variedade de terrenos e paisagens, áreas com características de Mata Atlântica, de Pantanal, de Amazônia, o que resulta na sua riqueza de biodiversidade.

Sobre o IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.

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